terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

LIÇÃO 6- SANTIFICARÁS O SÁBADO - 1 TRIMESTRE 2015



Comentários de vários autores com algumas observações do Ev. Luiz Henrique
 
Obs. de Ev. Luiz Henrique: O Sábado é o descanso material dos cansados do trabalho físico (corporal). JESUS é o descanso espiritual dos cansados da alma (sobrecarregados de pecados, carregadores de fardos pesados). Assim o sábado é apenas uma figura do verdadeiro sábado que é CRISTO. Encontrando JESUS CRISTO, o verdadeiro descanso será encontrado, trazendo paz, alivio, descanso, salvação.
Mateus 11.28 Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. 29 Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas. 30 Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo e leve.
Assim como os sacrifícios de animais apontavam para o sacrifício de JESUS, também o sábado, como realidade futura de descanso, foi abolido após JESUS ter vindo e nos salvado. Agora, todos aqueles que encontram JESUS encontram o descanso de DEUS. o Sábado se cumpre em CRISTO.
 
SANTIFICARÁS O SÁBADO
A palavra "sábado" é um termo hebraico e significa "sétimo". O mandamento do descanso foi instituído por DEUS, em primeiro lugar, para que o ser humano pudesse descansar. Lembre de que o contexto do advento da lei era a libertação da escravidão de Israel no Egito.
Como escravos, os hebreus não tinham descanso, eram explorados diuturnamente a fim de produzir mais e mais para o império de Faraó. Este via os judeus como números ou objetos necessários para enriquecerem ainda mais o Palácio. O Faraó não via os hebreus como pessoas que precisavam descansar e recarregar as energias porque eram pessoas, gente que precisava de dignidade. Apesar de Faraó não ver os israelitas como seres humanos, o DEUS de Abraão, o DEUS de Isaque e o DEUS de Jacó contemplou todo esse processo de escravidão humana. E ouviu o clamor do seu povo!
 
Por razões culturais, religiosas e teológicas as três principais religiões monoteístas do mundo guardam um dia da semana como o significado de descanso e reverência a uma só divindade: os judeus, o Sábado; os árabes, a Sexta-Feira; os cristãos, o Domingo. Mais que discutir o dia do descanso, o importante é observarmos o sentido do Sábado, o seu descanso e a sua reverência para o Criador dos Céus e da Terra.
Ora, para nós, que confessamos JESUS como Salvador, o domingo é o dia do Senhor. Observamos o domingo porque foi o dia em que JESUS de Nazaré ressuscitou dos mortos, a Igreja Primitiva se reunia para comer o pão e confraternizar-se com alegria e singeleza de coração. Não é verdade que foi Constantino quem inventou o Domingo, o imperador romano apenas o legitimou e oficializou uma prática de mais de três séculos guardada pela comunidade cristã primitiva.
Não tenha esta pergunta como legalista, mas o que estamos fazendo com o dia do Senhor? Salva as exceções, o dia de descanso oficial no mundo ociidental é o domingo. Numa perspectiva bíblica e evangélica, neste dia deveríamos dedicar-nos a meditação espiritual, adoração ao Senhor com os irmãos, o convívio com a família e a visita aos enfermos. Um dia para se viver em comunidade! Não mero ativismo religioso onde pessoas se cansam mais do que no trabalho secular.

A lição desta semana não pode se deter apenas em assuntos periféricos, tais como "os adventistas estão certos ou errados" ou em "sermos ou não legalistas". O sentido desta lição é mais do que esse. É fazermos uma pergunta honesta: O que estamos fazendo com ! o dia do Senhor? E com a nossa vida e saúde?
Revista ensinador. Editora CPAD. pag. 39.
 
SÁBADO
1. Sabbaton ou sabbata. Sendo o ultimo termo, a forma plural, transliterado da palavra aramaica, que foi confundida com o plural; por conseguinte, o singular Sabbaton foi formado dela. A raiz significa “cessar. desistir” (em hebraico, shabatlv. cf. em árabe. sabata, “interceptar, interromper”): o duplo b em força intensiva implica uma cessação completa ou um fazer cessar, provavelmente o primeiro. A ideia não é de relaxamento ou repouso, mas cessação de atividade.
A observação do sétimo dia da semana, ordenada para Israel, era um sinal entre DEUS e o Seu povo na terra, baseado no fato de que depois dos seis dias de operações criativas. Ele descansou (Ex 31.16,17, com Ex 20.8-11). Os regulamentos do Antigo Testamento foram desenvolvidos e sistematizados a uma extensão tal que se tomaram um fardo para o povo (que de qualquer forma, se alegrava no descanso proporcionado) e um provérbio de extravagância absurda. Dois tratados da Mishna (o Shabbath e o Erubin) eram inteiramente ocupados com regulamentos para a observância do sábado; o mesmo se dá com as discussões na Gemara a respeito de opiniões rabínicas. O efeito sobre a opinião corrente explica o antagonismo despertado pelas curas do Senhor JESUS feitas no “sábado” (por exemplo. Mt 12.9-13; Jo 5.5-16), e explica o fato de os doentes serem levados para serem curados num "sábado” depois do por do sol (por exemplo, Mc 1.32). De acordo com ideias rabínicas, o ato de os discípulos arrancarem espigas (Mt 12.1; Mc 2.23) e esfregarem-nas (Lc 6.1), quebra o “sábado” em dois pontos: arrancar era colher, e esfregar era malhar. A atitude do Senhor em relação ao “sábado” era a guisa de desembaraça-lo destes inquietantes acréscimos tradicionais, os quais se tomaram um fim em si mesmo, em vez de ser um meio para um fim (Mc 2.27).
Nas Epistolas, as únicas menções diretas estão em Cl 2.16 (“sábados”, que deveria estar corretamente no singular: veja o primeiro parágrafo, acima), onde faz parte de uma lista entre coisas que eram “sombras das coisas futuras” (ou seja, da era introduzida no Dia de Pentecostes), e em Hb 4 .4 -11, onde o sabhatismos perpetuo é designado para os crentes (DESCANSO).
Referencias dedutíveis encontram-se em Rm 14.5 e Gl 4 .9 -11. Durante os primeiros três séculos da era cristã, o primeiro dia da semana nunca foi confundido com o “sábado”: a confusão das instituições judaicas e cristãs foi devida ao declínio do ensino apostólico.
Notas:
(1 > Em Mt 12.1,2.11; 24.20; Mc 6.2; Lc 6.1: 14.3: Jo 9.14, era usado corretamente o singular, “sábado”; em Mt 12.5, o plural (veja acima). Quanto ao uso ou omissão do artigo, a omissão nem sempre exige a tradução “um sábado”; esta ausente, por exemplo, em Jo 9.14.
Em At 16.13, e literalmente, “no dia de sábados” (plural).
Quanto a Mt 28 .1, (TARDE).
Prosabbaton (Trpoaa00ciToi') significa “o dia antes do sábado” (fonado de pro. “antes de”, e o n° I ), e ocorre em Mc 15.42 (“a véspera do sábado”); alguns manuscritos tem prin. “antes de”, com o termo sabbaton separadamente.
Vine's Expository Dictionary o f Biblical Words - Casa Publicadora das Assembleias de DEUS - Caixa Postal 331 - 20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil
 
Êx 20.8 LEMBRA-TE DO DIA DO SÁBADO. O dia do Senhor no AT era o sétimo dia da semana. Santificar aquele dia importava em separá-lo como um dia diferente dos demais, cessando o labor para descansar, servir a DEUS e concentrar-se nas coisas respeitantes à eternidade, à vida espiritual e à glória de DEUS (vv. 9-11; Gn 2.2,3).
(1) A observância do dia do Senhor por Israel era um sinal de que ele pertencia a DEUS (31.13).
(2) Lembrava-lhes o seu livramento da escravidão do Egito (Dt 5.15; ver Mt 12.1)
BEP - CPAD
Ne 13.17 PROFANANDO O DIA DE SÁBADO. O povo de DEUS permitiu aqui que seus interesses comerciais e a busca de coisas materiais destruíssem sua obediência ao mandamento de DEUS, no
tocante ao dia de descanso. Os crentes do NT devem sempre tomar cuidado contra a tentação de deixar que a busca de riquezas e sucesso suplante seu desejo de honrar e adorar a DEUS, como
Ele estabeleceu. Devemos buscar "primeiro o Reino de DEUS, e a sua justiça" (Mt 6.33; ver 12.1).
BEP - CPAD
Am 8.5 O SÁBADO. Os comerciantes eram tão materialistas que ficavam ansiosos pelo término do sábado a fim de voltarem rapidamente aos seus negócios. Perguntemos a nós mesmos: "Estou tão
dedicado aos lucros que já não tenho nenhuma solicitude pela Palavra de DEUS nem pela promoção do seu reino?" Segundo o próprio JESUS, não podemos servir a DEUS e ao dinheiro ao mesmo
tempo (ver Mt 6.24).
BEP - CPAD
12.1 SÁBADO. O sábado semanal (gr. sabbaton, que significa repouso , cessação ) era o sétimo dia da semana, separado pela lei de Moisés como dia de descanso do trabalho normal, para repouso pessoal e adoração ao Senhor (Êx 20.10; Dt 5.14; ver Êx 20.8). Para o cristão, o sábado judaico já não é obrigatório. As exigências cerimoniais da lei foram canceladas na morte de CRISTO (Cl 2.14, 16; Rm 14.5,6; Gl 4.9-11). Além disso, o sábado como dia fixo semanal de descanso foi parte do pacto entre DEUS e Isaque, somente (Êx 31.13,17; Ez 20.12,20). Domingo foi o dia em que JESUS ressurgiu dentre os mortos, sendo chamado no NT de o dia do Senhor . O propósito espiritual de um dia de descanso em sete é benéfico ao cristão. No AT esse dia era visto como uma cessação do labor e ao mesmo tempo um dia
dedicado a DEUS; um período para se conhecer melhor a DEUS e adorá-lo; uma oportunidade para dedicar-se em casa e em público às coisas de DEUS (Nm 28.9; Lv 24.8). JESUS nunca ab-rogou o
princípio de um dia de descanso para o homem. O que Ele reprovou foi o abuso dos líderes judaicos quanto à guarda do sábado (vv. 1-8; Lc 13.10-17; 14.1-6). JESUS indica que o dia de
descanso semanal foi dado por DEUS para o bem-estar espiritual e físico do homem (Mc 2.27). 
BEP - CPAD
 
O Sábado que foi posto de lado já antes do nascimento da Igreja, isto é, antes da descida do ESPÍRITO SANTO. "O sábado foi feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado". (Mar. 2:27). DEUS fez o sábado para descanso do homem, para que nesse dia, o homem, especialmente lhe rendesse culto, e os israelitas fizeram do sábado um verdadeiro ídolo, a ponto de, no tempo dos Macabeus, Aristóbulo ser vencido, por ter Pompeu, general romano, ganhado grandes vantagens, preparando suas máquinas de guerra contra os muros de Jerusalém em dia de sábado, sem que os judeus o atacassem, pela veneração em que tinham o sábado. Notemos que JESUS ao citar os mandamentos, nunca citou o quarto e que, apesar de se encontrarem todos os demais mandamentos inúmeras vezes no Novo Testamento, o quarto é ali completamente omitido. (Gal. 4:10,11; Col. 2:16).
Notemos ainda que é completo absurdo a guarda universal do sábado, em vista da rotação da terra. Se pretendêssemos que os crentes do mundo inteiro guardassem o sábado, haveríamos de verificar que enquanto o sábado estivesse sendo guardado aqui no Brasil por nós, os crentes que estivessem no Japão, nosso antípoda, só começariam a guardá-lo doze horas após e, em comparação conosco, guardariam uma parte do sábado e outra do domingo!
 
SÁBADO
I. Os Termos
II. Caracterização Geral
III. Teorias da Origem
IV. Observações Bíblicas
V. Opiniões sobre a Obrigatoriedade
I. Os Termos
A palavra hebraica sabbat significa descanso ou cessação', provavelmente está relacionada à forma verbal sbt, que significa “trazer a un fim". Aiguns estudiosos supoem que a idéa do sábado surgiu na Babilônia e que o termo hebraico sabbat se relaciona à palavra acadiana (babilónica) sahpattu, que fala do dia de lua cheia. Esta teoria perdeu aceitação em anos recentes A palavra grega na Sectuaginta é a forma transliterada do hebraico sabbaton, que pode significar especificamente o sábado ou pode referir-se a uma semana inteira.
II. Caracterização Geral
O sétimo dia da semana era chamado de sábado e apenas esse dia tinha um nome. Os outros eram designados por números. Não há registro de que o sábado era observado na época patriarcal, embora o início “teolóico” esteja relacionado à criação divina de todas as coisas e ao descanso de DEUS de seu trabalho (Gên. 2.2). O início histórico na Bíblia é associado ao Pacto Mosaico. Observar o sábado tornou-se o próprio sinal do Pacto Mosaico. Na teologia hebraica, esse dia sagrado comemorava a criação original e a redenção de Israel do Egito (Gên. 2.2; Êxo. 20.8,11; Deu. 5.15). No início era um dia de descanso, mas gradativamente assumiu outro significado relativo à devoção e piedade. O acúmulo de regras relacionadas ao sábado era sufocante na época de JESUS. O descanso oferecia a oportunidade de engajamento em louvor, estudo e, especialmente, na leitura das Escrituras. A sinagoga transformou o sábado em seu dia sagrado mais importante. Ele se inicia na sexta-feira às 18:00 h e perdura até o sábado, às 18:00 h. Em tempos modernos, a comemoração de modo geral inicia-se mais tarde, para permitir às pessoas que trabalham uma chance para chegar à casa de reuniões. As Escrituras são lidas, são pregados sermões e oferecidas orações. Embora haja teorias diversas quanto às origens (ver a seção III, a seguir), parece que essa era uma instituição exclusiva aos hebreus antes de a idéia propagar-se a outros povos.
III. Teorias da Origem
Afirmações Não-bíblicas
1. Teoria planetária. Não há dúvida de que o desenvolvimento do sábado teve relação com a semana, mas foi apenas no inicio da era cristã que os nomes dos planetas passaram a ser associados com dias específicos. Chamar os sete dias com os nomes dos sete planetas chegou tarde demais para ter alguma relação com o sábado hebreu. Não há evidência de que tal dia tivesse alguma coisa que ver com a veneração de um planeta, algo que seria contrário à teologia hebraica. Nem há evidências de um “emprétimo hebraico” que tivesse sofrido adaptaçõs para ajustar-se à sua cultura.
2. Teoria pambabilônica. Os tabletes cuneiformes babilónicos usam a palavra shabatum para designar o 15º dia do mês, à hora da lua cheia, e tal dia era considerado um dia de pacificação ou apaziguamento do seu deus (presumivelmente o deus-chefe). Outros dias do mês, especificamente o 7º, o 14º, o 21º e o 28º (as fases da lua) eram considerados dias do mal ou do azar. Nesses dias até mesmo o rei tinha sua vida limitada: ele não podia andar de carruagem, comer carne assada em fogo, mudar de roupa ou discutir os negócios do Estado. Sacrifícios eram oferecidos aos deuses para afastar acidentes e reversões de fortuna. O épico babilónico Ertuna elish descreve esses e outros particulares, e lembramos, aqui e ali, o relato bíblico da criação, mas as diferenças são tão grandes que eliminam o possível apoio à teoria do “empréstimo direto”.
3. Teoria da festa lunar. O sábado hebraico era originalmente um antigo festival lunar? Alguns estudiosos acham que sim. A própria Bíblia ocasionalmente associa o sábado à lua nova (II Reis 4.23; Isa. 1.13; Amós 8.5). Um exame cuidadoso de Lev. 23.11.15 parece indicar que a palavra “sábado” pode referir-se ao dia dLua cheia. No paganismo, as fases da lua (lua nova, lua cheia, meia-lua, lua minguante) eram comemoradas com sacrifícios e orações, principalmente para afastar o mal. Os judeus tinham certos sábados fixos, que caiam no dia de lua cheia, a saber a Páscoa, o banquete dos Tabernáculos e o banquete de Purim. O sábado comum de todas as semanas, contudo, não era vinculado à lua e às fases da lua. Alguns insistem que observações das fases lunares, em um momento posterior, provocaram uma observação semanal que perdeu as conexões lunares originais, mas não há nenhuma evidência que sustente tal opinião.
Afirmações Bíblicas
1. O próprio DEUS deu origem ao sábado, o dia de descanso, para comemorar seu descanso da atividade de criação (Gên. 2.2). Os conservadores consideram a afirmação de Gênesis como o fim de todos os argumentos sobre a origem do sábado. Os liberais e os críticos, contudo, acreditam que essa é uma afirmação anacrônica que de fato repousava em eventos posteriores ocorridos na época de Moisés. Nesse caso, a doutrina de que o próprio DEUS deu origem ao sábado, imediatamente após a criação, é “idealista” e “teolóica”, não uma doutrina históica. Os críicos destacam que o sábado não era observado na época patriarcal.
2. O sábado iniciou como um sinal do Pacto Mosaico (Êxo. 19).
3. O sinal foi então transformado no quarto dos Dez Mandamentos (o Decálogo). “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Êxo. 20.8).
IV. Observações Bíblicas
Importantes observações bíblicas sobre o sábado são as que seguem. O originador deste dia como o dia de descanso foi Elohim, o Poderoso DEUS criador de todas as coisas (Gên. 2.2). A observação do sábado pelos homens, imitando a DEUS, transformou-se em um sinal do Pacto Mosaico e no quarto dos dez mandamentos (Êxo. cap. 19; 20.11). Embora originalmente fosse apenas um dia de descanso, o sábado tornou-se dia sagrado (Êxo. 16.23). Ele passou a ser associado a festas solenes, especialmente aquelas em dia de lua cheia (Amós 8.5; Osé. 2.13; Isa. 1.13). O dia era comemorado, provavelmente, como um dia de louvor, adoração e oração (Lev 23.1-3). Aqueles que se recusavam a observar o dia arriscavam possível apedrejamento até a morte (Núm. 15.32-36). Muitas vezes a celebração do sábado tornou-se uma formalidade sem que estivesse associada a isso qualquer fé religiosa sentida no coração. Tal degeneração foi denunciada pelos profetas (Isa. 1.12,13). Houve abusos do dia e de suas exigências, abusos que foram combatidos pelos profetas (Jer. 17.21, 22; Eze. 22.8). A assembléia sagrada do sábado exigia que as ofertas diárias fossem dobradas (Núm. 28.9 ss.). A manutenção do dia tornou-se um sinal da lealdade de Israel a Yahweh (o DEUS Eterno), como vemos em Isa. 56.2; 58.13; Eze. 20.12,21. O dia deveria ser de deleito e felicidade, não um dia de obrigações infelizes (Núm. 10.10; Isa. 58.13; Osé. 2.11).
No período entre o Antigo e o Novo Testamento, ocorreu uma radicalização na celebração do sábado. Na época dos macabeus, muitos preferiam morrer a deixar de celebrar o sábado. Soldados recusavam-se a defender a si mesmos e ao próprio povo naquele dia (I Macabeus 2.32-38; II Macabeus 6.11). A tradição judaica posterior permitia que o dia deixasse de ser observado sob circunstâncias de vida ou morte. Perigos que ameaçassem à vida poderiam ser encarados de maneiras que violassem a manutenção da tradição sabática (Yoma 8.6). Mas nem todas as facções do judaísmo seguiram as diretrizes de liberalização. Materiais encontrados no Qumran mostram que os fazendeiros não podiam realizar no sábado atos que preservassem a vida de animais durante parturições complicadas. Se a mãe ou sua cria morresse, o acontecimento era considerado um ato de DEUS.
JESUS, que vinha de uma região liberal da Galiléia, entrou em conflito direto com as autoridades judaicas por causa de sua aparente falha em cumprir as regras do sábado. De fato, isto aconteceu seis vezes, de acordo com os registros das Escrituras. Ver as referências a seguir: Mat. 12.1-4; 12.5; 12.8; João 5.1-18; 9.1-41; 9.40,41. A regra básica de JESUS era a de que o homem não havia sido feito para o sábado, mas, sim, o sábado havia sido feito para o homem (Mar. 2.27).
O ensinamento de Paulo era que, para o cristão, não há dias especiais. Por outro lado, um cristão tem a liberdade de tornar um dia sagrado se fizer isso “para o Senhor” (a fim de promover a espiritualidade), Rom. 14.1-6.
Depois do livro de Atos, a palavra sábado aparece apenas duas vezes no Novo Testamento (Col. 2.16; Heb. 4.4). Nesses versíulos, o sábado nãé apresentado nem promovido como um dia que devesse ser celebrado, mas como um dia como todos os outros que CRISTO dá àqueles que nEle acreditam.
V. Opiniões sobre a Obrigatoriedade
Batistas do setimo dia e adventistas do sétimo dia continuam a celebrar o sábado no sétimo dia da semana. Outros cristãos o transformaram no domingo, o primeiro dia da semana, ou seja, um “sábado cristão”. Como em todas as polêmicas, devemos lembrar-nos de praticar o amor cristã, que é o maior princípio moral e espiritual de todos. À parte de qualquer obrigação de manter a celebração do sábado que alguém possa emprestar do Antigo Testamento, Paulo informa-nos que é legitimo uma pessoa celebrar dias especiais, se isso for de sua escolha. Por outro lado, a liberdade funciona de outra forma: uma pessoa pode optar por considerar todos os dias iguais (Rom. 14.5,6;Col. 2.16; Gál. 4.10).
Em Defesa da Observação do Sábado
1. DEUS santificou o dia (Gên. 2.2).
2. O dia tornou-se um sinal do Pacto Mosaico e o quarto mandamento (Êxo. 19; 20.11).
3. JESUS e a igreja inicial praticavam a celebração, como demonstram várias referências das Escrituras em Atos. Ver Atos 2.46; 5.42; 9.20; 13.14; 14.1; 17.1,2,10; 18.4
4. A mudança do dia sagrado para o domingo fez parle da apostasia inicial da igreja, particularmente da Igreja Católica Romana.
5. A celebração do dia não é legalista, pois foi estabelecida antes da lei, por ato do próprio DEUS, que foi o primeiro a observar o sábado.
A Crítica à Celebração do Sábado
1. Gên. 2.2 não estabelece uma regra para os cristãos, ou tal regra certamente teria sido reiterada no Novo Testamento de alguma forma óbvia e definitiva. Os liberais e os críticos apontam essa referência como uma inserção na história da criação, um fragmento anacrônico que foi emprestado da história de Moisés e inserido no relato da origem das coisas.
2. O simples fato de que o sábado era o sinal do Pacto Mosaico mostra que ele não pertence ao Novo Pacto. A celebração do sábado é uma forma de legalização que Paulo refutou, pois os crentes não estão sob a lei (Rom. 6.14; Gál. 3.10-23).
3. Naturalmente, a igreja inicial, especialmente na Palestina, celebrava o sábado, pois essa prática descendia das raizes judaicas. Houve um período de transição da antiga à nova ordem das coisas. À medida que a igreja se espalhava aos paises gentios, a celebração do sábado perdeu força e praticamente desapareceu. Apo. 1.10 mostra que, mesmo na época dos apóstolos, o domingo, dia do Senhor, substituía o sábado antigo. Ver sob Dia do Senhor,
4. Se uma mudança do sábado para o domingo como um dia especial (seja ou não este considerado o “sábado cristão”) foi um ato de apostasia, isso ocorreu muito antes da formação da Igreja Catóica Romana. O Didache (150 d. C.), uma espécie de manual de ética e doutrina do cristianismo inicial, fala sobre o domingo como o dia no qual os cristãos se reuniam para o louvor e a oração. O mesmo é real sobre os escritos de Hipólito (160 d. C.) e Clemente de Alexandria (200 d. C.).
5. Embora pareça correto falar sobre a celebração do sábado como anterior à Lei, não sendo ela, portanto, uma prática legal, os versículos de Rom. 14.5,6; Col. 2.16 e Gál. 4.10 parecem colocá-la em tal classe. A celebração do sábado era de extrema importância para os hebreus, um verdadeiro sine qua non da condição de ser hebreu/judeu; de fato, era o sinal do Pacto Mosaico, e isso diz tudo. Algo tão importante assim dificilmente deixaria de ser reforçado vigorosamente caso se esperasse que os cristãos devessem celebrá-lo.
Quaisquer discussões desse tipo devem ser deixadas no Altar do Amor, e não representar um teste de espiritualidade ou retidão. Muitos cristãos judeus hoje continuam a observar uma variedade de festas e feriados judeus. Se fizerem isso “para o Senhor”, com vistas a ampliar sua espiritualidade, não devem ser criticados por aqueles que consideram todos os dias iguais. Por outro lado, aqueles que não seguem tais celebraçõs (incluindo aqui o sábado) não devem ser criticados. Certamente não merecem a designação de “hereges” ou apóstatas. A verdadeira espiritualidade não reside em manter nem em ignorar o sábado.
Russell Norman Champlin, Ph. D. -  O Antigo testamento Interpretado Versículo Por versículo - EDITORA HAGNOS - Rua Belarmino Cardoso de Andrade, 108 Cidade Dutra - São Paulo - SP - CEP 04809-270 - 2001.
 
COMENTÁRIOS DE VÁRIOS AUTORES COM ALGUMAS MODIFICAÇÕES DO Ev. LUIZ HENRIQUE
INTRODUÇÃO
O quarto mandamento é uma ponte que liga os mandamentos teológicos com os mandamentos éticos. Os três primeiros preceitos do Decálogo dizem respeito à responsabilidade do homem com o Criador; os demais falam sobre o compromisso do homem com o seu próximo. A guarda do sábado fica entre esse dois grupos, pois a lei é clara em mostrar seu caráter social e humanitário e também sua função religiosa.
As controvérsias em torno deste mandamento se referem à sua interpretação. O que acontece é que existe o sábado institucional e o sábado legal, e quem não consegue separar estas duas instituições terminam radicalizando indo aos extremos. Esse é o principal problema dos sabatistas da atualidade, como os adventistas do sétimo dia. Todos os mandamentos do Decálogo dependem de definições e de como aplicá-los na vida diária, e essas instruções são dadas no próprio sistema mosaico. Mas as definições nem sempre são conclusivas. Por exemplo, o que a Bíblia define como trabalho? O mandamento de santificar o sábado é mais bem compreendido quando se analisa o propósito pelo qual ele foi dado.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 61-62.
 
"Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra, mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu DEUS. Não farás nenhum trabalho, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu escravo, nem a tua escrava, nem o teu animal, nem o estrangeiro que está dentro das tuas portas. Pois em seis dias fez o Senhor o céu e a terra, o mar e tudo o que neles há, mas ao sétimo dia descansou. Por isso abençoou o Senhor o dia de sábado, e o santificou".
Esse é o único mandamento que não se encontra repetido na nova aliança. Esquadrinhando todo o Novo Testamento, não encontramos nenhum ensino de JESUS ou dos apóstolos para santificarmos o dia sétimo mais do que qualquer outro.
Todos os que ensinam que o sábado, o sétimo dia, deve ser santificado por todos os cristãos, não guardam este dia da maneira como foi ordenado. Os tais devem saber que a lei, ao mandar guardar ao sábado, também diz como ele deve ser observado. Para guardar o sábado os israelitas recebem as seguintes instruções:
1) não fazer nenhuma obra nesse dia, Êxodo 20.10;
2) trabalhar nos outros seis dias, v. 9;
3) não podiam apanhar lenha no dia de sábado; um homem achado fazendo isso foi apedrejado até morrer, Números 15.32,36;
4) não acender fogo em casa, Êxodo 35.3;
5) sacrificar duas ovelhas em oferta de manjares todos os sábados, Números 28.9,10.
Se os sabatistas querem insistir na guarda do sétimo dia, então terão de guardá-lo conforme estes preceitos.
A lei exigia que toda comida fosse preparada na véspera do sábado, e este dia era conhecido no tempo de JESUS como "o dia da preparação", assim mencionado nos Evangelhos. Os judeus que guardam a letra da lei, nem sequer acendem luz elétrica no sábado, porque seria acender lume. E se nós estamos vivendo sob a lei, devemos obedecer aos mandamentos em todos os preceitos.
Mas graças a DEUS que não vivemos sob a lei, mas sob a graça da nova aliança, e por isso não estamos obrigados a guardar um dia mais do que outro. Em Romanos 14.5,6 o apóstolo escreve: "Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em seu próprio ânimo. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. O que come para o Senhor come, porque dá graças a DEUS; e o que não come para o Senhor não come e dá graças a DEUS".
A doutrina dos que guardam o sábado corresponde com esta? Não, porque dizem que o sábado tem de ser guardado sobre todos os outros dias. Negam assim o privilégio de cada um decidir por si mesmo a esse respeito, privilégio que é parte da gloriosa liberdade dos filhos de DEUS.
Muito se ensina no Novo Testamento acerca do primeiro dia, o do Senhor, mas à luz de Romanos 14.4-6, entendemos que a questão de guardar um dia mais do que a outro não era obrigação, mas opção na primitiva igreja. O dia do Senhor, ou o primeiro dia, era guardado tendo por motivo o amor, e não a lei.
Se alguém arguir que JESUS guardava o sábado de Moisés, replico: tinha de fazer assim, visto que veio sob a lei e guardou todos os mandamentos de seu Pai para os judeus; porém, ao estabelecer a nova aliança, não nos deixou nenhum mandamento a respeito do sábado, exceto o que já mencionamos em Romanos 14 e em Hebreus 10.25, onde diz: "Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns; antes, admoestemo-nos uns aos outros; e tanto mais quanto vedes que se vai aproximando aquele Dia". Somos ensinados acerca das reuniões, mas o dia para realizá-las fica à nossa escolha.
Abraão de Almeida. O Sábado, a Lei e a Graça. Editora CPAD.
 
I. O SÁBADO DA CRIAÇÃO
1. O SHABAT.
O substantivo hebraico shabbat, "sábado", ou sábbaton,66 em grego, "sábado, semana", indica no calendário de Israel o sétimo dia da semana marcado pelo descanso do trabalho para cerimônias religiosas especiais, além de significar um período de sete dias, uma semana (BAUER, 2000, p. 909). O termo shabbãtôn significa "sabatismo, guarda ou observância do sábado", pois a desinência -ôn é característica de substantivo abstrato. Ele aparece no relato da criação: "E, havendo DEUS acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 62.
 
Os Termos
A palavra hebraica sabbat significa descanso ou cessação; provavelmente está relacionada à forma verbal sbt, que significa “trazer a um fim”. Alguns estudiosos supõem que a ideia do sábado surgiu na Babilônia, e que o termo hebraico sabbat se relaciona à palavra acadiana (babilônica) sab/pattu, que fala do dia de lua cheia. Esta teoria perdeu aceitação em anos recentes. A palavra grega na Septuaginta é a forma transliterada do hebraico sabbaton, que pode significar especificamente o sábado ou pode referir-se a uma semana inteira.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 2.
 
SÁBADO. (cessação, descanso', LXX, sábado, semana). O dia da semana de descanso e adoração dos hebreus, que era observado no sétimo dia da semana, começando ao por do sol na sexta-feira e terminando ao por do sol no sábado.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 266.
 
Gn 2.2 E havendo DEUS terminado no dia sétimo a sua obra... descansou.
O autor da fonte de Gên. 2.1-3, a fim de emprestar a maior autoridade a essa observância, fez o próprio DEUS instituí-la, como se assim tivesse sido desde o princípio. Os estudiosos conservadores aceitam o texto conforme ele está escrito, pensando em uma genuína instituição divina do sábado, após a obra da criação. Os críticos atribuem essa seção à fonte P (S).
A versão siríaca diz aqui “no sexto” dia, mas não há razão para supormos que “sétimo” não seja o texto correto, sendo esse o texto padrão hebraico, como também o texto mais difícil. Os escribas, com freqüência, alteravam os textos difíceis para torná-los mais fáceis ou aceitáveis, mas dificilmente faziam o contrário. Talvez o autor sacro pensasse que a instituição do sábado foi o real encerramento das obras da criação. Alguns têm emendado o texto de “terminado” para “desistido”, mas essa emenda é desnecessária.
“A narrativa da criação, vista através dos olhos da nova nação de Israel, nos dias de Moisés, reveste-se de grande significação teológica. Dentre o caos e as trevas do mundo pagão, DEUS tirou o Seu povo, ensinando-lhes a verdade, garantindo-lhes a vitória sobre todo poder dos céus e da terra, comissionando-os para serem Seus representantes e prometendo-lhes descanso teocrático. E isso, igualmente, haveria de encorajar crentes de todos os séculos” (Allen P. Ross, in loc.).
A instituição do sábado sugere a legislação mosaica que haveria de seguir-se, bem como todos os privilégios de Israel como nação que haveria de ensinar a todas as demais nações.
Descansou. Não a fim de sugerir que o Ser Supremo pode ficar cansado, pois temos aqui uma declaração antropomórfica que diz respeito à cessação de atividades. Simbolicamente falando, o sábado foi uma obra de redenção, porquanto retrata o descanso após o pecado e a aceitação, como filho, na casa do Pai, Mas nesse sétimo dia não houve mais atividade criativa.
Gn 2.3 E abençoou DEUS o dia sétimo, e o santificou. A instituição do sábado. Seria realmente parte de um documento muito antigo, que falava sobre a criação, ou o sábado foi subentendido no antigo relato, por parte de um escritor posterior? Ou todos os autores das fontes do Gênesis foram posteriores, em cujos dias o sábado já havia sido instituído? Provi artigos sobre esses problemas. Os emditos conservadores, crendo na autoria mosaica do Gênesis, supõem que ele soube da instituição divina do sábado mediante inspiração, e que isso serviu de apropriado clímax da criação original. O artigo que apresento no fim do versículo, a respeito do sábado, explica a questão em seus pormenores, incluindo as controvérsias sobre a alegada natureza obrigatória do sábado para os cristãos.
O sábado era a grande instituição da fé do povo hebreu. A legislação mosaica lhes dera suas instituições, ritos e crenças, mas nada era mais importante do que o sábado. Os críticos pensam que a exaltada natureza do sábado tenha sido uma das conseqüências do exílio babilônico, mas sem dúvida temos aí uma apreciação exagerada. O sábado, desde os tempos mais remotos, serviu sempre como sinal mais decisivo para quem era hebreu ou judeu. Como é claro, havia outros sinais, incluindo a circuncisão (Gên, 17.10), e, naturalmente, as grandes provisões da própria lei mosaica.
As Razões da Separação. O autor sagrado apresenta várias delas no tocante à história da criação: a luz foi separada das trevas (1.14); as águas das águas (1.6); as águas de cima do firmamento das águas de baixo (1.9); as espécies foram separadas umas das outras, e não mediante evolução (1.11,20). O sábado separou um tempo de outro, o tempo devotado ao trabalho, do tempo devotado ao descanso e ao serviço e adoração a DEUS. Em tempos posteriores, o santuário divino serviu de meio de separar o sagrado do profano, o divino do humano.
DEUS Santificou o Sábado. Nesta oportunidade não ficou esclarecido como o sábado seria expresso e obedecido. Mas as instituições posteriores dos hebreus nos dão informações. A adoração a DEUS era frisada no dia de sábado, quando então havia culto ao Senhor. Tal como o sábado é separado para ser observado pelo homem, assim também o homem é separado para DEUS.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 21.
 
2. DEUS CONCLUIU A CRIAÇÃO NO DIA SÉTIMO.
E abençoou DEUS o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que DEUS criara e fizera" (Gn 2.2, 3).
DEUS celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou. Gênesis é o livro das origens de todas as coisas, dos céus e da terra, do homem e do pecado, do sacrifício e da promessa de redenção, do casamento, da família, das nações, das línguas, da nação de Israel, do sábado e da semana. O sábado e a semana tiveram a sua origem em DEUS. A divisão hebdomadária do tempo aparece desde os dias pré-diluvianos e no período patriarcal (Gn 7.4, 10; 8.10, 12; 29.27, 28). Mas a semana na Mesopotâmia seguia as fases da lua, por isso nem sempre o sábado coincidia com o sétimo dia. A semana dos egípcios era de dez dias.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 62-63.
 
O quarto mandamento (Êx 20.8-11), embora claramente um elemento integral dos quatro primeiros — aqueles pertencentes à pessoa, à natureza e à adoração do Senhor — é uma transição para os seis restantes no fato de que tem que ver com o tratamento dos seres humanos, especialmente no relacionamento deles com o dia de descanso. Este é antecipado pela narrativa da criação, que declara: “No sétimo dia DEUS já havia concluído a obra que realizara, e nesse dia descansou. Abençoou DEUS o sétimo dia e o santificou, porque nele descansou de toda a obra que realizara na criação” (Gn 2.2,3). Para DEUS, o descanso não representava (e não representa) que ele se recuperaria da exaustão do labor, mas simplesmente que pararia o que estivera fazendo (hebraico, sbt). Ele, ao abençoar o dia, celebrou a obra de criação terminada, acrescentando a ela, por assim dizer, seu amém de aprovação.
Eugene H. Merrill. Teologia do Antigo Testamento. Editora Shedd Publicações. pag. 332-333.
 
O Dia do SANTO Descanso (2.1-3)
Os primeiros três versículos deste capítulo pertencem apropriadamente ao conteúdo do capítulo 1, visto que trata do sétimo dia na série da criação. Durante seis dias, DEUS esteve criando e formando a matéria inorgânica, as plantas, os animais e o homem. De certo modo, tudo isso ocupa e está relacionado com o espaço. O homem recebeu a ordem específica de sujeitar o que se encontrava no âmbito espacial. DEUS inspecionou tudo e considerou muito bom; Ele concluiu tudo que quis criar. Certos rabinos antigos ficaram aborrecidos porque pensaram ter visto aqui uma indicação de que DEUS trabalhara no sábado. O rabino Rashi declarou que o que faltava para o mundo era descanso, e assim o último ato de DEUS foi a criação do Sábado, no qual há quietude e repouso.
George Herbert Livingston, B.D., Ph.D. Comentário Bíblico Beacon. Gênesis. Vol.1. pag. 34-35.
 
3. A BÊNÇÃO DE DEUS SOBRE SÉTIMO DIA.
DEUS abençoou e santificou o sétimo dia como um repouso contínuo, a dispensação da inocência, interrompido por causa do pecado. Agostinho de Hipona lembra que não houve tarde no dia sétimo, pois DEUS o santificou para que ele permanecesse para sempre: "Ora o sétimo dia não tem crepúsculo. Não possui ocaso porque Vós o santificastes para permanecer eternamente" [Confissões, Livro XIII.36). Adão e Eva viveram esse repouso durante a inocência até a Queda: "Foi o princípio e o tipo de repouso ao que a criação, depois que caiu da comunhão com DEUS pelo pecado do homem, recebeu a promessa de que uma vez mais seria restaurada pela redenção, em sua consumação final" (KEIL & DELITZSCH, tomo 1, 2008, p. 41). O sábado da criação aponta para o descanso de DEUS para o mundo inteiro no fim dos tempos: "Portanto, resta ainda um repouso para o povo de DEUS" (Hb 4.9).
O sábado legal não foi instituído aqui. Isso só aconteceu com a promulgação da lei. O sétimo dia é o fundamento da guarda do sábado dada aos israelitas, visto que este dia foi santificado desde o princípio do mundo. O sábado institucional é para toda a humanidade e por isso DEUS o santificou antes de estabelecê-lo como mandamento para Israel. "A santificação do sábado institui uma ordem para a humanidade segundo a qual o tempo é dividido em tempo e tempo sagrado... Por santificar o sétimo dia, DEUS instituiu uma polaridade entre o dia a dia e o solene, entre dias de trabalho e dias de descanso, a qual deveria ser determinante para a existência humana" (WESTERMANN, 1994, p. 171). O sábado institucional não é necessariamente o sétimo dia da semana, mas um a cada seis dias.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 65-66.
 
Gn 2 .3 - O fato de DEUS ter abençoado o sétimo dia significa que Ele o separou para uso santo. Este ato é encontrado nos Dez Mandamentos (Èx 20.1 -17), no qual DEUS ordenou a observância do sábado. Quanto ao ensino do sábado no NT, ler as seguintes passagens: Mateus 12.8; Colossenses 2.16. Consideremos, ainda, que o sábado, no AT, prefigurava o repouso que todos encontramos em CRISTO JESUS (Hb 4.1-11).
BÍBLIA APLICAÇÃO PESSOAL. Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Editora CPAD. pag. 7.
 
Gn 2.3 afirma que DEUS "santificou" ou colocou à parte o dia de sábado porque ele descansou nesse dia. Mais tarde, na lei mosaica, o sábado foi colocado à parte como dia de culto (veja nota em Êx 20.8). Hebreus 4.4 distingue entre o descanso físico e o descanso redentor para o qual o primeiro apontava. Está claro em Cl 2.16 que o sábado" de Moisés não possui lugar simbólico ou ritual na nova aliança. A igreja começou a realizar cultos no primeiro dia da semana para celebrar a ressurreição de CRISTO (At 20.7).
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 19.
 
II. O SÁBADO INSTITUCIONAL
1. DESDE A CRIAÇÃO.
Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. DEUS completou a sua obra da criação no sétimo dia. Duas vezes o texto sagrado declara que DEUS "descansou" ou seja, cessou, esse é o significado do verbo hebraico usado aqui, shãbat, cessar, desistir, descansar" (Gn 8.22; Jó 32.1; Ez 16.41). Descansar é sinônimo de cessar de criar. Esse repouso indica a obra concluída e não ociosidade, pois DEUS não para nem se cansa (Is 40.28; Jo 5.17). Ele continua sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder (Hb 1.3). O Senhor JESUS também assentou-se à destra de DEUS depois de concluir a obra da redenção (Hb 8.1; 10.12). A expressão "acabado no sétimo dia” parece indicar que houve mais alguma atividade de DEUS na criação nesse dia. É o que pensam muitos expositores da atualidade. DEUS terminou a sua obra no dia sexto: segundo a Septuaginta, en tê hêméra tê hektê, "no dia sexto", e também no Pentateuco Samaritano, bayyôm hashishi, "no dia sexto". A Peshita segue também essa linha, mas tudo indica que se trata de alguma emenda deliberada. Segundo Umberto Cassuto, um estudo cuidadoso desse versículo mostra que "sétimo dia" é a forma correta (1998, p. 61).
O substantivo hebraico shabbat, "o dia de sábado", não aparece aqui; sua primeira ocorrência acontece no relato do maná (Êx 16.23). Mas este termo vem da raiz do verbo "descansar", shãbat. Há quem afirme que essa omissão foi intencional porque o shãbat é o término da semana e há fortes evidências da identificação filológica do termo aqui com o acádico shabatu[m] ou shapattu, que aparece nas inscrições babilônicas como o dia da lua cheia. Trata-se do 15° dia de um mês lunar, dedicado à adoração do deus lua, Sin-Nanar e a outros deuses. Este dia se chamava também üm nüch libbi, "dia de descanso do coração" (ORR, vol. IV, 1996, p. 2630). Outros afirmam que se trata mais de um dia de expiação ou pacificação, e não necessariamente de um dia de descanso. No entanto, foram descobertos tabletes em que revelam o shabatu, como os dias 7o, 14°, 21° e 28°, que segundo o registro dessas inscrições ocupavam espaço destacado no calendário mesopotâmio. Neles havia restrições a diversos tipos de trabalho, já que o dia era dedicado aos deuses (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267). O sábado dos israelitas era o dia de descanso reservado a cada seis dias de trabalho para todo o povo; entretanto, o shabatu era computado com base nas quatro fases da lua.
Há muitas discussões sobre a relação do shabatum com o sábado dos israelitas, e Umberto Cassuto explica o que está por trás de tudo isso. Os críticos liberais insistem em afirmar que os israelitas copiaram o sábado dos mesopotâmios e com isso querem associar o sábado de Israel com as quatro fases da lua. Cassuto questiona a existência da proibição de trabalho nos dias 7, 14, 21o e 28 do mês do luna na Babilônia e na Assíria. Segundo esse autor, o pensamento da Torá é justamente o oposto ao sistema babilônico e desvincula completamente o sábado da adoração aos astros: "O dia de sábado de Israel não será como o sábado das nações pagãs; não será o dia da lua cheia, ou outro dia conectado com as fases da lua, nem ligado, em conseqüência, com a adoração da lua, mas será o sétimo dia" (1998, p. 68). É um sábado completamente desassociado de sinais nos céus, das hostes celestiais e de qualquer conceito astrológico, "mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu DEUS" (Êx 20.10). Assim, o propósito da omissão do termo hebraico shabbat, "sábado", no relato da criação é evitar sua identificação com o shabatu dos mesopotâmios.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 63-65.
 
O contexto desta passagem e de outras similares neste capítulo refere-se a Gênesis 2.1-3, que diz: “Assim, os céus e a terra, e todo o seu exército foram acabados. E, havendo DEUS acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou DEUS o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que DEUS criara e fizera”. “A criação, tanto de céus e terra e do mundo espiritual, é atual também no primeiro capítulo da Bíblia. DEUS criou: ‘céus e terra’. O céu e a terra com todo o seu exército é mencionado em Gênesis 2.1 — Exército, aqui, é tsebaam, de tsaba, que significa ‘avançar como soldado’ (Gesenius, erudito hebreu do século XIX), ou ‘andar juntos para serviço’ (Furst); o termo é usado, portanto, acerca dos anjos (I Rs 22.19; 2 Cr 18.18; SI 148.2; Lc 2.13). Refere-se também aos corpos celestes e aos poderes do céu (Is 34.4; Dn 8.10; Mt 24.29). Na criação original mencionada nos capítulos 1 e 2 de Gênesis, está incluído o ‘céu e a terra’, o espiritual com seus anjos. São eles as personalidades criadas no mundo espiritual (Nm 9.6), os seres e as coisas e a raça humana no mundo material (Mc 10.6)”. DEUS, portanto, deixando o exemplo às suas criaturas, instituiu um dia para o descanso e “... ao sétimo dia, descansou, e restaurou-se” (Ex 31.17).
Severino Pedro Da Silva. Epistola aos Hebreus coisas novas e grandes que DEUS preparou para você. Editora CPAD. pag. 68-69.
 
Heb 4.8-10 O verdadeiro descanso de DEUS não veio por meio de Josué ou Moisés, mas por meio de JESUS CRISTO, que é maior cio que ambos. Josué levou a nação de Israel à terra do seu descanso prometido (ve/a nota em 3. í /; Js 21.43-45). No entanto, esse foi simplesmente o descanso terreno que era apenas a sombra do que eslava envolvido no descanso celestial. O fato de que, segundo o Sl 95, DEUS ainda estava oferecendo o seu descanso no tempo de Davi (muito tempo depois de Israel ter se estabelecido na Terra Prometida) significava que o descanso oferecido era espiritual — superior ao que Josué havia obtido. O descanso terreno de Israel foi repleto de ataques de inimigos e consistiu no ciclo diário de trabalho. O descanso celestial é caracterizado pela plenitude ria promessa celestial (Ef 1.3) e pela ausência de qualquer trabalho para obtê-lo.
MAC ARTHUR. Bíblia de Estudo. Sociedade Bíblica do Brasil. pag. 1694.
 
Afirmações Não-bíblicas
1. Teoria planetária. Não há dúvida de que o desenvolvimento do sábado teve relação com a semana, mas foi apenas no início da era cristã que os nomes dos planetas passaram a ser associados com dias específicos. Chamar os sete dias com os nomes dos sete planetas chegou tarde demais para ter alguma relação com o sábado hebreu. Não há evidência dc que tal dia tivesse alguma coisa que ver com a veneração de um planeta, algo que seria contrário à teologia hebraica. Nem há evidências de um “empréstimo hebraico” que tivesse sofrido adaptações para ajustar-se à sua cultura.
2. Teoria pambabilônica. Os tabletes cuneiformes babilônicos usam a palavra shabatum para designar o 15* dia do mês, à hora da lua cheia, e tal dia era considerado um dia de pacificação ou apaziguamento do deus (presumivelmente o deus-chefe). Outros dias do mês, especificamente o T, o 14*, o 21" e o 28' (as fases da lua) eram considerados dias do mal ou do azar. Nesses dias até mesmo o rei tinha sua vida limitada: ele não podia andar de carruagem, comer carne assada em fogo, mudar de roupa ou discutir os negócios do Estado. Sacrifícios eram oferecidos aos deuses para afastar acidentes e reversões de fortuna. O épico babilônico Enuna elish descreve esses e outros particulares, e lembramos, aqui e ali, o relato bíblico da criação, mas as diferenças são tão grandes que eliminam o possível apoio à teoria do “empréstimo direto”.
3. Teoria da festa lunar. O sábado hebraico era originalmente um antigo festival lunar? Alguns estudiosos acham que sim. A própria Bíblia ocasionalmente associa o sábado à lua nova (II Reis 4.23; Isa. 1.13; Amós 8.5). Um exame cuidadoso de Lev. 23.11,15 parece indicar que a palavra “sábado” pode referir-se ao dia de lua cheia. No paganismo, as fases da lua (lua nova, lua cheia, meia-lua, lua minguante) eram comemoradas com sacrifícios e orações, principalmente para afastar o mal. Os judeus tinham certos sábados fixos, que caiam no dia de lua cheia, a saber, a Páscoa, o banquete dos Tabernáculos e o banquete de Purim. O sábado comum de todas as semanas, contudo, não era vinculado à lua e às fases da lua. Alguns insistem que observações das fases lunares, em um momento posterior, provocaram uma observação semanal que perdeu as conexões lunares originais, mas não há nenhuma evidência que sustente tal opinião.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 2.
 
2. NÃO ERA MANDAMENTO.
O sétimo dia da criação não era mandamento, mas revela a necessidade natural do descanso de toda natureza, homem, animal, máquina, agricultura. O repouso noturno de cada dia não é suficiente para isso. DEUS abençoou e santificou esse dia não somente para comemorar a obra da criação, mas para que nesse dia todos cessem o trabalho tendo em vista o descanso físico e mental e também o culto de adoração a DEUS. É importante que todos os seres humanos possam refletir que o universo foi criado por um DEUS pessoal, Todo-poderoso, sábio e transcendente, que planejou todas as coisas que foram criadas. Parece que esse dia foi logo esquecido pelo gênero humano, mas há resquício dele em muitos povos da antiguidade.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 63-65.
 
Afirmações Bíblicas
1. O próprio DEUS deu origem ao sábado, o dia de descanso, para comemorar seu descanso da atividade de criação (Gên. 2.2). Os conservadores consideram a afirmação de Gênesis como o fim de todos os argumentos sobre a origem do sábado. Os liberais e os críticos, contudo, acreditam que essa é uma afirmação anacrônica que de fato repousava em eventos posteriores ocorridos na época de Moisés. Nesse caso, a doutrina de que o próprio DEUS deu origem ao sábado, imediatamente após a criação, é “idealista” e “teológica”, não uma doutrina histórica. Os críticos destacam que o sábado não era observado na época patriarcal.
2. O sábado iniciou como um sinal do Pacto Mosaico (que descrevo na introdução a Êxo. 19, no Antigo Testamento Interpretado).
3. O sinal foi então transformado no quarto dos Dez Mandamentos (o Decálogo). Ver o artigo Dez Mandamentos. “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar” (Êxo. 20.8).
Observações Bíblicas
Importantes observações bíblicas sobre o sábado são as que seguem. O originador deste dia como o dia de descanso foi Elohim, o Poder, o DEUS universal e criador de todas as coisas (Gên. 2.2). A observação do sábado pelos homens, imitando a DEUS, transformou-se no sinal do Pacto Mosaico e no quarto dos dez mandamentos (Êxo. cap. 19; 20.11). Embora originalmente fosse apenas um dia de descanso, o sábado tomou-se dia sagrado (Êxo. 16.23). Ele passou a ser associado a festas solenes, especialmente aquelas em dia de lua cheia (Amós 8.5; Osé. 2.13; Isa. 1.13). O dia era comemorado, provavelmente, como um dia de louvor, adoração e oração (Lev. 23.1-3).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 6. pag. 2-3.
 
O quarto mandamento em si não tem a pretensão de ser a primeira promulgação do sábado. Suas palavras introdutórias, “Lembra-te do dia de sábado” (Ex 20.8), sugere que o sábado já era sido conhecido, mas foi esquecido ou era negligenciado. O motivo dado no mandamento para a santificação do sábado foi o exemplo de DEUS ao terminar sua criação (20.9-11). O mandamento apontou de volta para a instituição original do sábado.
O quarto mandamento fez do sábado uma instituição distintamente hebraica. Fez parte integral da aliança que DEUS fez no Sinai com Israel. A aliança consistiu dos “dez mandamentos” proclamados pelo próprio Senhor no monte (Dt 4.13; 5.2-21). O quarto mandamento tem uma posição central nesta aliança, servindo como uma ponte de ligação entre aqueles mandamentos que têm a ver com obrigações para com DEUS e para com o homem.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 269.
 
3. OS PATRIARCAS NÃO GUARDARAM O SÁBADO.
O livro de Gênesis não menciona os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado. Segundo Justino, o Mártir, Abraão e seus descendentes até o Sinai agradaram a DEUS sem o sábado (Diálogo com Trifão 19.5). Irineu de Lião diz que Abraão, "sem circuncisão e sem observância do*sábado, acreditou em DEUS e lhe foi imputado a justiça e foi chamado amigo de DEUS" (Contra as Heresias, Livro IV, 16.2). O sábado institucional não era mandamento nem havia imposição sobre a sua observância; talvez, seja essa a razão de aos poucos ter caído no esquecimento. A linguagem do quarto mandamento "Lembra-te do dia de sábado" (Êx 20.8) reforça a ideia de que não se trata de uma instituição nova, mas existente desde a criação.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 68.
 
A palavra grega por detrás desse vocábulo é uma combinação de pater, «pai», e archés, «cabeça», «chefe». Os patriarcas bíblicos são aqueles que são considerados os fundadores da raça humana, Adão e Noé (este último através de seus três filhos, Sem, Cão e Jafé; ver Gên. 10); ou então aqueles que foram cabeças ou fundadores das doze tribos de Israel. O vocábulo também é aplicado a Abraão, no Novo Testamento, em Heb. 7:4, por ser ele o fundador (progenitor) da nação hebreia, sendo também o pai dos homens espirituais, tanto judeus quanto gentios, que sigam com seriedade a vereda espiritual. Os filhos de Jacó são chamados «patriarcas» em Atos 7:8,9 e Davi é denominado desse modo, em Atos 2:29. O período patriarcal é aquele período de tempo da formação da nação hebreia, antes da época de Moisés.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 5. Editora Hagnos. pag. 112.
 
III. O SÁBADO LEGAL
1. SIGNIFICADO.
O sábado legal é exclusividade dos israelitas e nenhum povo da terra recebeu tal responsabilidade, nem mesmo a Igreja (Êx 31.13- 17). A adoração no tabemáculo acontecia semanalmente e isso justifica a instrução da lei do sábado na presente seção que aborda a ordem do culto e demais serviços no tabemáculo. O tema do sábado havia sido tratado por ocasião do maná (Êx 16.23-30) e no quarto mandamento (Êx 20.8-11); no entanto, Javé retoma o assunto aqui para que o presente preceito seja observado de maneira apropriada.
A observância do sábado legal é perpétua, sob pena de morte para quem violar (vv. 14-6) e isso por se tratar de um sinal entre Javé e Israel (Êx 31.13, 17). Não é mandamento para todos os povos nem para a Igreja. É o segundo sinal para os israelitas, que já tinham a circuncisão como primeiro sinal desse concerto (Gn 17.10-14). Ao longo dos séculos, os judeus trataram esses dois preceitos com a mesma atenção. O Decálogo registrado em Deuteronômio apresenta o sábado como memorial da saída dos israelitas do Egito: "Porque te lembrarás que foste servo na terra do Egito e que o SENHOR, teu DEUS, te tirou dali com mão forte e braço estendido; pelo que o SENHOR, teu DEUS, te ordenou que guardasses o dia de sábado" (Dt 5.15). O sábado legal é mandamento exclusivo para o povo de Israel.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 68-69.
 
Êxo 31.12,13 Todos os sábados ou descansos faziam parte da legislação sabática, com propósitos comuns. Esses sábados, como uma unidade, tornaram-se o sinal do pacto mosaico (ver as notas sobre Êxo. 19.1).
O sábado, antecipado pela tradição sacerdotal (Êxo. 16.22-30), é aqui formalmente instituído no Sinai”. Mas já vimos isso confirmado de maneira formal em Êxo. 20.8,9.
Ό sábado era um sinal (vss. 13,17) do pacto que fez de Israel uma teocracia. Era um teste da consagração da nação a DEUS; se não fosse mantido santo, a consequência seria a morte... Esse mandamento, declarado no decálogo (Êxo. 20.8), estava baseado no fato de que DEUS descansou, terminada a Sua obra de criação, em seis das (Êxo. 31.17)... O sábado assinalava Israel como o povo de DEUS. A observância do sábado mostrava que os israelitas foram separados (isto é, santificados) para DEUS” (John D. Hannah, in loc.).
Nas vossas gerações. Os hebreus não antecipavam o fim de seus ritos, leis e cerimônias. Por isso, no tocante ao tabernáculo, por todo o tempo achamos a insistência de que tudo fosse observado de maneira perpétua.
O sinal da circuncisão era menos distintivo, pois muitas nações praticavam-na. Mas o sábado foi uma criação distintivamente judaica, pelo que servia muito bem de sinal.
Êxo 31.17 É sinal para sempre. Conforme foi dito e anotado no vs. 13. Aqui a alusão é a como Yahweh deu um sinal, por ocasião da criação. Elohim trabalhou durante seis dias, e, então, descansou ao sétimo. A lei do sábado remonta àquela ocasião, como um precedente bíblico (ver Gên. 2.2,3), e agora tomava-se o sinal do pacto mosaico. Foi assim que o sinal original tomou-se um novo sinal. A teocracia foi estabelecida com base nesse sinal. Ele separou para Si mesmo um povo santo.
Uma relação especial entre DEUS e o Seu povo era inerente e potencial desde a criação. E agora essa potencialidade era aplicada ao pacto mosaico. A lei da criação serviu de raiz do que agora acontecia. Havia a raiz e o tronco da árvore, e ambas as coisas demandavam a lei do sábado. Nisso era pre- visto o bendito descanso final, a bem-aventurança do céu. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11. O verdadeiro descanso espiritual, em CRISTO, é espiritual em sua realização, que se dá na salvação da alma.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag.
 
DEUS dissera a Moisés que o sábado era um sinal (17; cf. 13) entre mim e os filhos de Israel. O primeiro sinal dado a Israel foi a circuncisão; agora, DEUS adiciona o sinal do sábado como marca distintiva do seu povo. Este sinal do sábado distinguia Israel das outras nações mais que a circuncisão, porque “nenhuma outra nação jamais o adotou.
Persistiu nos tempos romanos a marca e insígnia do judeu”.
Tornou-se um “vínculo sacramental” entre Israel e DEUS. Nas vossas gerações (13; cf. 16) significa “por todos os séculos” (Moffatt; cf. NTLH).
Leo G. Cox. Comentário Bíblico Beacon. Êxodo. Editora CPAD. pag. 224.
 
Êxo 31.13. Certamente guardareis os meus sábados, pois é sinal. Quanto ao dia de descanso, consultar 16:23; 20:8; 23:12. Aqui, contudo, o descanso semanal é revestido de significado especial por ser um sinal (como os pães asmos, 13:9) entre DEUS e Israel, uma lembrança de seu relacionamento especial com DEUS. Para Israel, a circuncisão era o grande “ sinal da aliança” feita com seu ancestral Abraão (Gn 17:11). Tal como a circuncisão, o sábado parece ter sido observado até certo ponto em outras nações semitas (pelo menos como um “ dia azarado” para negócios e por isso evitado): apenas em Israel, entretanto, segundo se sabe, ele possui este significado religioso especial. Talvez a ordem com respeito ao sábado apareça aqui para lembrar que, mesmo na construção do Tabernáculo, o sábado deveria ser observado (segundo Hyatt).
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 204.
 
Gn 17.11 “Mediante esse símbolo, DEUS impressionou-os com a impureza da natureza e com a dependência a DEUS para a produção de toda forma de vida. Eles deveriam reconhecer e lembrar que: a. toda impureza nativa deve ser rejeitada, sobretudo no casamento; b. a natureza humana é incapaz de gerar a semente prometida. Os israelitas que se recusassem a deixar-se cortar fisicamente desse modo, seriam cortados (separados) dentre 0 povo (vs. 14), por motivo de desobediência ao mandamento de DEUS” (Allen P. Ross, in loc.). E assim, essa operação tornou-se emblema de separação pessoal e de distinção entre aqueles que pertenciam e aqueles que não pertenciam ao pacto. O termo é usado em sentido metafórico em Deuteronômio 30.6, onde lemos sobre corações circuncisos. Paulo usou essa metáfora (Rom. 2.28,29; cf. Rom. 4.11). A incredulidade é como ter 0 coração incircunciso (Jer. 9.26; Eze. 44.7-9).
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 128.
 
E será um sinal. leoth, por um sinal das coisas espirituais, pois a circuncisão feita na carne foi projetado para significar a purificação do coração de toda a injustiça, como DEUS mostrou particularmente na própria lei. Veja Deuteronômio 10:16, ver também;Romanos 2:25-29; 2:11. E foi um selo de que a justiça ou justificação que vem pela fé, Romanos 4:11. Que alguns dos judeus tinham uma noção apenas da sua espiritual intenção, é claro de muitas passagens nas paráfrases Caldeu e os escritores judeus. Me emprestar uma passagem do livro Zohar, citado por Ainsworth: "Em que momento um homem é selado com este selo santo (da circuncisão), a partir daí, ele vê o santo louvou a DEUS corretamente, e a alma santa está unida a ele se ele não seja digno, e não guarda este sinal, o que está escrito? Ao sopro de DEUS perecem , Jó 4:9), porque este selo do santo louvou a DEUS não foi mantido. Mas, se for digno, e mantê-lo, o ESPÍRITO SANTO não está separado dele. "
ADAM CLARKE. Comentário Bíblico de Adam Clarke.
 
2. O SÁBADO DO DECÁLOGO.
O quarto mandamento é o mais longo do Decálogo e difere dos três primeiros, cuja formulação é negativa. O versículo 8 introduz o mandamento positivo que impõe a obrigação de santificar o sábado, e o versículo 9 fala sobre a obrigação de trabalhar seis dias. Isso se repete no sistema mosaico (Êx23.12; 31.13-17; 34.21; Lv 23.3), mas aqui aparece também a formulação negativa. Quando Moisés no seu discurso em Deuteronômio repete o Decálogo substitui o verbo hebraico usado para "lembrar" zãchor,n "recordar, lembrar", por outro, "guardar", shãmôr, "guardar, cuidar, vigiar", quando diz: "Guarda o dia de sábado" (Dt 5.12). Os dois verbos estão no infinitivo absoluto, que tem função de um forte imperativo, bastante comum em leis e mais próximo de um futuro cominatório, ameaçador. O propósito do uso deste verbo "lembrar" aqui em Êxodo é manter o sábado como dia santo. Isso mostra que o povo já conhecia esse dia, mas parece que a sua observância não era levada a sério antes da revelação do Sinai. As palavras "como te ordenou o SENHOR, teu DEUS" (Dt 5.12b) não aparecem em Êxodo e são uma referência ao Sinai, quando a lei foi promulgada, visto que Moisés está relatando um fato acontecido no passado.
Fica evidente que houve um sábado antes da promulgação da lei. Muitos acreditam que o verbo "lembrar" se refere ao relato do maná no deserto (Êx 16.22-30). Isto fica claro pelo fato de que "a maneira incidental em que a matéria é introduzida e a repreensão do Senhor pela desobediência do povo sugerem que o sábado já era previamente conhecido" (TENNEY, vol. 5, 2008, p. 267). No entanto, segundo o rabino Benno Jacob, "lembrar" aqui não tem conotação de "não esquecer", como aconteceu com o evento do maná, mas de um "memorial do passado para estabelecer um relacionamento especial para o futuro" (1992, p. 563).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 67.
 
Êxo 20.8. Lembra-te do dia de sábado. Compare 16:23,26. O mandamento sobre o dia de descanso é o primeiro a ser formulado positivamente, embora ainda breve e apodíctico. O versículo 12 contém o único outro mandamento positivo na lista, embora no restante da lei esta forma não seja incomum (uma forma de mandamento positivo intimamente relacionada se encontra em Gn 9:6). Esta mudança de um mandamento negativo para outro positivo não é desconhecida em códigos antigos, mas se quisermos descobrir uma forma negativa para este mandamento, por amor à coerência, ela se encontra no versículo 10, “ não farás nenhum trabalho” . Deuteronômio 5:12 é bem semelhante ao versículo 8, embora empregue “ guardar” em lugar de “ lembrar” . Por outro lado, a razão apresentada em Deuteronômio para a observância do sábado é completamente diferente, como veremos no versículo 11.
R. Alan Cole, Ph. D. ÊXODO Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 151.
 
Lembrando o sábado, a fim de mantê-lo santo. O sábado era um dia de descanso e de observâncias espirituais. Se Paulo admitia que podemos observar dias especiais, ele jamais obrigou outros cristãos a fazerem o mesmo. A Igreja, ou suas várias denominações, têm o direito de observar o domingo como se fosse um sábado ou descanso, embora não haja muito para recomendar essa circunstância, sobretudo se isso for feito em uma atitude legalista. É elogiável que a Igreja tenha dedicado um dia da semana (o domingo) para adoração e culto religiosos especiais, comemorando a ressurreição de CRISTO. Mas isso não transforma o domingo em um “sábado cristão”.
A primeira espiritualização do versículo à nossa frente consistiu em afirmar enfaticamente a necessidade que temos de observâncias religiosas comunais, em um esforço grupal como uma igreja ou uma denominação, visando a honrar a DEUS com o nosso tempo, de maneira sistemática e planejada. É bom observarmos pelo menos um dia por semana para essa finalidade e para descansar do trabalho secular.
O sábado foi instituído antes da lei mosaica. Ver Gên. 2.3.
Os reformadores do século XVI, ao ab-rogarem teologicamente o sábado, substituíram-no pelo domingo; mas fizeram deste um sábado para todos os propósitos práticos. A medida pode ter sido prática, mas não exibiu uma boa teologia. O sábado é uma contribuição distinta da religião dos hebreus. Era o sinal do pacto mosaico. Mas, sob a graça, na qual estamos, não há qualquer necessidade desse sinal, pelo que não há nenhum preceito ou exemplo de guarda do sábado por parte da Igreja cristã.
A desobediência a esse quarto mandamento traria juízo contra os israelitas desobedientes, a saber, a punição capital.
Para o santificar. Em outras palavras, como um descanso santificado (Êxo. 16.23), em que os israelitas deveriam aproveitar a oportunidade para dedicarem-se ao culto e ao serviço religiosos. A provisão principal era o descanso, e podemos presumir que eles aproveitavam o ensejo para finalidades religiosas. Posteriormente, na sinagoga, sem dúvida assim acontecia. Ver também Êxo. 20.11; 23.12 e Deu. 5.14,15.
Tipo. O descanso do sábado era tipo do futuro descanso do crente, em JESUS CRISTO, ou seja, a salvação eterna. Ver Heb. 4.1,3-5,8-11.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 391-392.
 
O quarto mandamento do Decálogo. O quarto mandamento em si não tem a pretensão de ser a primeira promulgação do sábado. Suas palavras introdutórias, “Lembra-te do dia de sábado” (Ex 20.8), sugere que o sábado já era sido conhecido, mas foi esquecido ou era negligenciado. O motivo dado no mandamento para a santificação do sábado foi o exemplo de DEUS ao terminar sua criação (20.9-11). O mandamento apontou de volta para a instituição original do sábado.
O quarto mandamento fez do sábado uma instituição distintamente hebraica. Fez parte integral da aliança que DEUS fez no Sinai com Israel. A aliança consistiu dos “dez mandamentos” proclamados pelo próprio Senhor no monte (Dt 4.13; 5.2-21). O quarto mandamento tem uma posição central nesta aliança, servindo como uma ponte de ligação entre aqueles mandamentos que têm a ver com obrigações para com DEUS e para com o homem.
Os Dez Mandamentos são prefixados por uma declaração de que DEUS havia tirado Israel da terra do Egito (Ex 20.2; Dt 5.6). Estas palavras podem ser aplicadas em seu sentido literal apenas aos filhos de Israel. O estilo dos mandamentos em si também indica que eles eram especificamente dados aos israelitas. O quinto mandamento contém uma promessa de longevidade na terra que o Senhor estava prestes a dar a Israel (Êx 20.12; Dt 4.16). Semelhantemente, a versão deuteronômica do quarto mandamento apresenta a libertação de Israel da servidão no Egito como a principal razão para a observância do sábado (Dt 5.15). Guardar o sábado é declarado, em outro lugar, como um sinal da obediência de Israel a DEUS (Êx 31.13; cp. Ne 9.14). Serve para distinguir Israel das outras nações. Não pode haver dúvida de que em seu contexto e aplicação originais a ordenança sabática era uma lei intencionada apenas para o povo de Israel.
Ao mesmo tempo, é evidente que o quarto mandamento contém princípios que são aplicáveis a todos os povos. Ele reconhece a obrigação moral do homem de adorar seu Criador, para o que tempos e lugares determinados para a adoração são necessários, assim como a cessação das ocupações comuns da vida. Reconhece também a necessidade básica do homem de um dia semanal de descanso. A história do homem tem demonstrado sua necessidade de recuperação de suas energias físicas e mentais uma vez a cada sete dias, assim como também sua necessidade de ter um dia da semana separado para a devoção e instrução espirituais. O mandamento sabático fez provisões para estas necessidades dos antigos israelitas.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 269.
 
3. PROPOSITO.
A instituição do sábado legal no Decálogo tinha o propósito duplo, social e espiritual, de cessar os trabalhos a cada seis dias de labor para dar descanso aos seres humanos e aos animais e dedicar um dia inteiro para adoração a DEUS:
Lembra-te do dia do sábado, para o santificar.
Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra,
mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR, teu DEUS; não farás nenhuma obra, nem tu, nem o teu filho, nem a tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo que neles há e ao sétimo dia descansou; portanto, abençoou o SENHOR o dia do sábado e o santificou (Êx 20.8-11).
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 66.
 
Sua referência e propósito. Depois do relato da criação, o sábado é a próxima referência que aparece em relação à dádiva do maná (Êx 16.23-30), e depois no Sinai quando se tornou parte do Decálogo (Êx 20.8-11). DEUS ordenou a guarda do sábado como sinal de sua aliança e do seu relacionamento com Israel (Êx 31.12-17; Ez 20.12,20). Dessa forma, ele representava o selo da aliança Mosaica (cf. Is 56.4,6), e correspondia à circuncisão como o selo da aliança com Abrão (cf. Gn 17.11).
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1710.
 
Dt 5.15 Porque te lembrarás. Este versículo não tem paralelo no livro de Êxodo. É aqui adicionada outra razão para a observância do sábado. A obsereância do sábado era uma espécie de repetição do espírito da obsereâncía da Páscoa, da mesma maneira que a Ceia do Senhor nos faz relembrar de Sua morte e ressur- reição. No Egito, Israel só tinha trabalho forçado a fazer. Mas DEUS lhes deu descanso quando os livrou daquele pais. Assim também, a salvação em CRISTO nos outorga descanso espiritual.
O trecho de Êxodo. 20.11 elabora de forma diferente a ilustração sobre a guarda do sábado, a saber, 0 fato de que, por ocasião da criação, DEUS trabalhou por seis dias e então descansou da criação, no sétimo dia. Este texto, porém, não inclui essa elaboração.
Naturalmente, o mandamento sobre o sábado não é repetido no Novo Testamento; mas os trechos de Romanos 14.5,6 e Colossenses 2.16,17 quase certamente mostram que o crente não está sob a obrigação de observar o sábado. Esse era o sinal do Pacto Mosaico, o qual foi anulado pelo Novo Pacto, sob o qual vivemos.
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 779.
 
A razão apresentada no versículo 15 para a observância do sábado é diferente daquela apresentada em Êxodo 20: 11. Aqui o propósito é a recordação da libertação do Egito. Se Israel recordasse seus próprios dias de servidão, seria estimulado a tratar com misericórdia qualquer homem, mulher ou animal envolvido em serviço diário (cf. 15: 15; 16: 12; 24: 18, 22). Em Êxodo a razão oferecida é que o sábado fora um dia santo desde a criação (Êx 20: 11; cf. Gn 2: 2, 3). Havia assim duas boas razões para a guarda do sábado. Este mandamento tem apresentado muitos problemas para os cristãos. As declarações de JESUS (Mc 2: 27, 28) de que o sábado fora feito por causa do homem e não o homem por causa do sábado, e que Ele, o Filho do Homem, era Senhor do sábado, removeram para sempre a lei das restrições doentias impostas pelos rabis. A observância do domingo pelo cristão é, obviamente, não a guarda do sétimo mas do primeiro dia, tendo, portanto, a natureza de um novo mandamento baseado numa nova aliança. É, contudo, o “cumprimento” do antigo mandamento. O primeiro dia da semana nos oferece oportunidade de comemorar a ressurreição de CRISTO, que nos possibilitou a libertação da servidão ao pecado (cf. versículo 12), e a renovação da vida por meio de uma nova criação (cf. Êx 20:10,11).
I. A. Thompson. Deuteronômio Introdução e Comentário. Editora Vida Nova. pag. 42.
 
IV. UM PRECEITO CERIMONIAL
1. O SACERDOTE NO TEMPLO.
MATEUS 12.5-7
Vamos examinar Mt 12.5-7 onde JESUS declara: “Ou não tendes lido na lei que, aos sábados, os sacerdotes no templo violam o sábado, e ficam sem culpa? Mas, se vós soubésseis o que significa: “Misericórdia quero, e não sacrifício, não condenaríeis os inocentes. Porque o Filho do homem até do sábado é Senhor.”
Aí está a palavra clara, inequívoca do Senhor JESUS quanto à natureza do sábado como preceito cerimonial ou ritual, não tendo natureza moral como reivindicam os sabatistas.
INVERTENDO AS PERGUNTAS

Invertemos as perguntas que nos fazem os sabatistas quando lêem mandamento por mandamento do decálogo, com a pergunta repetida se cada um deles pode ou não ser violado.
Podemos então indagar ao sabatista:
“Podiam os sacerdotes no templo ter outros deuses diante de DEUS“. (Ex 20.3) e ficar sem culpa? A resposta óbvia dos adventistas é:“não!”.
“Podiam os sacerdotes no templo fazer imagem de escultura…”“ e se encurvar a elas “? (Ex 20.4,5) e ficar sem culpa? A resposta deles é: não!
“Podiam os sacerdotes no templo tomar o nome do SENHOR em vão e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: 
não. 
“Podiam os sacerdotes no templo desonrar pai e mãe e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não.
“Podiam os sacerdotes no templo matar no templo e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não. 
“Podiam os sacerdotes no templo adulterar e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não.
“Podiam os sacerdotes no templo furtar e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não.
“Podiam os sacerdotes no templo dizer falso testemunho e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não. 
“Podiam os sacerdotes no templo cobiçar a mulher do próximo e ficar sem culpa? A resposta dos sabatistas é: não.

E VIOLAR O SÁBADO?
SIM. OS SACERDOTES PODIAM VIOLAR O SÁBADO NO TEMPLO E FICAR SEM CULPA. Com isto não concordam, naturalmente, os adventistas que se curvam à autoridade de sua profetisa Ellen Gould White. Ela escreveu:“Santificar o sábado ao Senhor importa em salvação eterna” (Testemunhos Seletos, vol. III, p. 22 – 2a edição, 1956).
http://www.cacp.org.br/podemos-violar-o-sabado/
 
Ele recorda um exemplo diário dos sacerdotes, que, da mesma maneira, eles liam na lei, e segundo a qual era o costume comum (v. 5). Os sacerdotes no templo realizavam uma grande quantidade de trabalhos servis no sábado judaico; matando, esfolando e queimando os animais sacrificados, o que, em uma situação normal, seria profanar o sábado judaico; ainda assim, isto nunca foi reconhecido como transgressão ao quarto mandamento, porque o serviço do templo o exigia e justificava. Isso dá a entender que no sábado judaico são lícitos os trabalhos que são necessários, não apenas para o sustento da vida, mas para a adoração; como tocar um sino para convocar a congregação, ir até ao templo e coisas semelhantes. O descanso do sábado deve promover, e não impedir, a adoração no sábado.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento MATEUS A JOÃO Edição completa. Editora CPAD. pag. 148.
 
Mt 12.5 Ou não lestes na lei. Novamente JESUS usa as próprias EscrUuras judaicas para apresentar outro argumento. No primeiro argumento ele se utilizou do exemplo de Davi, homem que era considerado piedoso e isento de culpa por haver comido dos pães reservados exclusivamente aos sacerdotes. Neste segundo argumento, JESUS mostra que os próprios sacerdotes, em suas tareias no templo, trabalhavam em dia de sábado. A preparação dos sacrifícios era trabalhosa. Era mister abater o animal, esfolá-lo em pedaços, além de muitos outros serviços relativos ao expediente no templo. Ver Êxo. 29:38 e Núm. 28:9. Também se permitia aos sacerdotes prepararem o pão em dia de sábado. Os sacerdotes eram isentos das leis cerimoniais do sábado, porque o serviço deles era realizado no templo, e eles eram os homens nomeados justamente para tais serviços. JESUS mostra que o trabalho manual, no sábado, não é pecado por si mesmo, porquanto há pessoas livres dessa lei. De fato, nos dias do V .T., as bênçãos recebidas na adoração levada a efeito no templo só se tornavam possíveis devido ao trabalho manual de alguns homens; e em parte esse trabalho era necessário para o bem-estar espiritual do povo. Precisamos lembrar que, provavelmente, os sacerdotes circuncidavam a muitos infantes em dia de sábado, porquanto a lei requeria que a circuncisão tivesse lugar no oitavo dia de vida da criança. Sem dúvida muitas crianças completavam seu oitavo dia de vida no sábado. Isso serve de outra prova de que o trabalho manual em dia de sábado, por si mesmo, não é condenável e que há considerações mais importantes do que observar um dia de descanso em um dia determinado da semana.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 1. pag. 383.
 
Êxo 12.5,6 JESUS respondeu à acusação dos fariseus com uma segunda resposta, usando um exemplo dos sacerdotes que serviam no Templo. Novamente JESUS repetiu a pergunta - “Não tendes lido na lei de Moisés?” - para mostrar a estes fanáticos fariseus que embora eles soubessem de memória a lei, na verdade não a tinham compreendido. Os Dez Mandamentos proíbem o trabalho aos sábados (Êx 20.8-11). Isto era o que estava “escrito” na lei. Mas como o objetivo no sábado é descansar e adorar a DEUS, os sacerdotes tinham que realizar sacrifícios e conduzir cultos de adoração - em resumo, eles tinham que trabalhar. O seu “trabalho de sábado” era servir e adorar a DEUS, o que DEUS permitia. Desta forma, mesmo que eles teoricamente não observassem o sábado, DEUS os considerava inocentes. Da mesma maneira como as obrigações dos sacerdotes no Templo superam os regulamentos do sábado a respeito do trabalho, também o ministério de JESUS transcende o Templo. Os fariseus estavam tão preocupados a respeito dos rituais da religião que se esqueceram do propósito do Templo — trazer as pessoas a DEUS. Como JESUS CRISTO é maior do que o Templo, Ele pode trazer as pessoas a DEUS de uma forma muito melhor. O nosso amor e a nossa adoração a DEUS são muito mais importantes do que os instrumentos de adoração criados pelos homens.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 80.
 
2. A CIRCUNCISÃO NO SÁBADO.
João – 7.21-24 Ora, se um homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja violada, como vos indignais contra mim, porque no sábado tornei um homem inteiramente são? 
Frequentemente JESUS enfrentava polêmica com os judeus por causa do sábado. Os judeus eram ferrenhos guardadores do sábado e sempre estavam discutindo com JESUS sobre o assunto.O que é admirável no texto é JESUS afirmar que a guarda do sábado fica subordinada à circuncisão. Uma criança que devesse ser circuncidada no oitavo dia do seu nascimento (Gn 17.10; Lv 12.3; Jo. 7:21-24) para que a Lei não ficasse invalidada, colocava a guarda do dia em posição inferior à circuncisão. Se a circuncisão é de valor secundário, inexpressivo, e nenhum cristão hoje a pratica, como terá a guarda do sábado como preceito? Os adventistas e sua profetiza ensinavam que a guarda do sábado implicava em salvação. O ensino de JESUS sobre o sábado é diferente, Ele é Senhor do Sábado.
 
Jo 7:22,23 O que JESUS procurava provar?
1. Eles mesmos já haviam dado resposta para o problema do sábado. Permitiam certos atos, obras ou ações misericordiosos. Por exemplo, a circuncisão, ainda que o oitavo dia de vida de uma criança caísse num sábado. Ver Shabbath 18:3, Yoma 85b.
2. O pacto abraâmico tinha por fito levar uma nação toda à salvação, e seu sinal era a circuncisão. (Ver notas em Luc. 1:73 sobre esse pacto). O pacto abraâmico servia de meio de comunicação da misericórdia divina. Ora, se um ato misericordioso era permitido, por que não outros? Os atos de misericórdia não precisam esperar pelo domingo.
3. A circuncisão afetava apenas um membro do corpo. As curas miraculosas de CRISTO visavam ao homem inteiro, e não um único membro. Assim, JESUS indicou que seus milagres eram muito mais poderosos, em seus efeitos, que a circuncisão. Por que, pois, haveria oposição a seus milagres em dia de sábado, quando atos misericordiosos menores não sofriam oposição?
4. Se a circuncisão, que fazia um homem tornar-se judeu, tinha um bom efeito (embora aplicada a apenas um membro do corpo), quanto mais beneficiaria a um sei humano o poder miraculoso de CRISTO!
Três modalidades de lei estão subentendidas neste texto: 1. A eterna lei ética de DEUS, um reflexo das perfeições de sua natureza moral. (Incluindo atos de misericórdia, como extensão de seu amor para com os homens). 2. A lei patriarcal, que era antecedente à lei de Moisés. 3. A lei de Moisés, que devia ser respeitada e observada, mas que, em alguns casos pelo menos (como na questão da circuncisão), podia ser ultrapassada pela tradição patriarcal e, certamente, pela lei eterna.
Naturalmente nestes versículos temos um reflexo da primitiva polêmica cristã contra os judeus de tendências legalistas, pois, quando este evangelho foi escrito, a questão da observância do dia de sábado era motivo de conflito entre os cristãos e os israelitas, e também entre os cristãos mais ortodoxos e os cristãos legalistas, circunstâncias essas que provocaram a escrita da epístola do apóstolo Paulo aos Gálatas. (O trecho de Gál. 3:17, igualmente, subordina a lei à promessa ou provisões patriarcais. Quanto à questão do sábado e quais pontos de vista os crentes precisam ter a respeito, ver as notas em Rom. 14:5,6. O trecho de Mat. 12:1-8 apresenta outros argumentos de JESUS concernentes à controvérsia acerca do sábado, que era um dos temas mais disputados com os judeus, e uma das razões que eventualmente provocaram a sua morte).
A extensão em que essa controvérsia serviu de meio para a sua morte, fica subentendida no vs. 23, que diz »...vos indignais contra m im ...» Encontramos aqui a única ocorrência da palavra, em todo o N.T., que no grego significa «fel». O verbo estar bilioso, com o sentido de ira amarga e profunda.
Um sumário dos elementos da interpretação desses versículos é o seguinte: 1. Fica exigido o bom senso na interpretação da lei sabática. 2. O sábado foi instituído por causa do homem e não o homem por causa do sábado, princípio esse que, por si mesmo, elimina as interpretações apressadas que alguns atribuíam ao sábado. 3. O relaxamento das exigências sobre a lei sabática tinha precedente tanto nos patriarcas como nos escritos do A.T. (em Moisés), e até mesmo nas interpretações rabínicas (na Torah). 4. A interpretação dada por JESUS ultrapassava qualquer compreensão judaica sobre a lei, fundamentada como estava na lei eterna, que tem precedente acima da lei de Moisés e que permite qualquer ato de misericórdia, ainda que não seja urgente, a ser realizado em dia de sábado.
5. As suas curas curavam inteiramente o corpo e levavam as almas dos homens de volta ao Senhor JESUS, coisas essas que a circuncisão física não podia realizar. 6. Por conseguinte, os atos de misericórdia podem e devem ser efetuados até mesmo em dia de sábado; embora sejam certa forma de trabalho, são desejáveis, e certamente não envolvem mal moral algum; pelo contrário, revestem-se de bem definido benefício espiritual.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 2. pag. 383.
 
Jo 7.21-24 Por JESUS estar em Jerusalém, Ele muito provavelmente estava se referindo ao milagre descrito em 5.1-15 - a cura do homem paralítico. JESUS mencionou que havia curado no sábado, o ponto de controvérsia em torno do milagre. JESUS lembrou outra vez as pessoas de que as prioridades espirituais delas estavam erradas. Ele notou que, de acordo com a lei de Moisés, a circuncisão deveria ser realizada oito dias depois do nascimento de uma criança (Gênesis 17.9-14; Levítico 12.3). Este rito demonstrava a identidade dos judeus como parte do povo da aliança de DEUS. Se o oitavo dia depois do nascimento caísse em um sábado, eles ainda assim realizavam a circuncisão (embora isto fosse considerado trabalho). Referindo-se a Abraão realizando a circuncisão, JESUS estava indicando uma autoridade e princípio anterior a Moisés. Curando uma pessoa por completo, JESUS demonstrou que o seu poder criador era igual ao de DEUS, e superior ao de Moisés.
A questão era que, embora os líderes religiosos permitissem certas exceções às leis do sábado, eles não permitiam nenhuma a JESUS, que simplesmente mostrava compaixão por aqueles que necessitavam de cura. Ele demonstrou a partir das próprias práticas deles que eles iriam invalidar uma lei quando duas leis cerimoniais entrassem em conflito.
Mas os líderes judeus estavam tão absorvidos por suas ordenanças sobre guardar o sábado, que não eram capazes de enxergar a verdadeira intenção das ações de JESUS. A adesão deles às suas próprias tradições superficiais e obstinadas faria com que eles perdessem de vista o Messias, que as suas Escrituras retratavam.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol. 1. pag. 531.
 
UM ARGUMENTO SÁBIO João 7:19-24
Antes de analisar esta passagem detalhadamente, devemos assinalar um elemento. Devemos imaginar esta cena como uma discussão entre JESUS e as autoridades judaicas rodeadas pela multidão. A multidão ouve o desenvolvimento da discussão. JESUS se propõe justificar sua ação ao ter curado o paralítico no sábado, pelo qual desobedeceu a Lei sabática. Começa afirmando que Moisés lhes deu a Lei do sábado e que, no entanto, nenhum deles a observa de modo absoluto e literal. Em seguida veremos o que quis dizer com isto. Se ao curar um homem Ele desobedece a Lei, por que eles, que também desobedecem a Lei sabática, querem matá-lo? Neste momento, é a multidão que interrompe com a exclamação: "Estás louco!" e a pergunta: "Quem quer te matar?" A multidão ainda não percebeu o ódio maligno de suas autoridades: ainda não sabem nada dos planos para eliminá-lo. Lembremos que esta passagem pertence em realidade ao capítulo 5 e não ao 7. Crêem que JESUS tem uma mania persecutória, que sua imaginação está perturbada e sua mente alterada; e crêem todo isso porque não conhecem os fatos. JESUS não respondeu à pergunta da multidão. Em realidade não se tratava de uma pergunta; era a interjeição de um espectador. JESUS prossegue com a exposição de seu argumento.
Seu argumento é o seguinte. A Lei dizia que era preciso circuncidar os meninos no oitavo dia do nascimento. “E, no oitavo dia, se circuncidará ao menino” (Levítico 12:3). É evidente que com freqüência o oitavo dia caía no sábado. E a lei estabelecia com toda clareza que "podia-se fazer todo o necessário para a circuncisão no sábado." Isto está expresso com as mesmas palavras na Mishna que é a codificação da Lei dos escribas.
De maneira que o argumento de JESUS expressa o seguinte:
"Vocês dizem que observam com exatidão a Lei que receberam de Moisés. Dizem que observam a Lei que expressa que não se pode fazer nenhum trabalho no dia de sábado, e com o título de trabalho vocês incluíram todo tipo de atenção médica que não seja necessária para salvar uma vida. E entretanto, vocês mesmos permitiram que se leve a cabo a circuncisão no dia de sábado. Agora, a circuncisão são duas coisas. É uma atenção médica a uma parte do corpo de um homem, e o corpo tem duzentas e quarenta e oito partes. (Esse era o cálculo que faziam os judeus.) Mais ainda, a circuncisão é um tipo de mutilação; implica tirar algo do corpo. Como podem me culpar com razão por curar todo o corpo de um homem; e como podem me culpar por tornar o corpo de um homem em algo são e completo quando vocês mesmos o mutilam no dia de sábado?"
Trata-se de um argumento extremamente elaborado e inteligente. Se for legal fazer uma operação que mutila o corpo no dia de sábado, não pode ser ilegal levar a cabo uma operação que cura o corpo. De maneira que JESUS termina dizendo que busquem olhar além da superfície das coisas, que busquem julgar com justiça; e se o fazem já não poderão acusá-lo de quebrantar a lei.
Pode ser que uma passagem deste tipo nos pareça algo remoto, mas o certo é que quando lemos uma passagem assim vemos em ação a mente aguda, clara, profunda e lógica de JESUS, e o vemos enfrentar os homens mais sábios e inteligentes de sua época com suas próprias armas e em seus próprios termos; e podemos ver como os vence.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. JOÃO. pag. 263-264.
 
V. O SENHOR DO SÁBADO
1. O SÁBADO E A TRADIÇÃO DOS ANCIÃOS.
A observância do sábado nos dias do ministério terreno de JESUS havia se tornado externa e formal. As autoridades religiosas de Israel haviam criado muitas restrições e estabeleceram regras meticulosas. A Mishnah, antiga literatura religiosa dos judeus, nos tratados Shabbat e Erub, registra minúcias de como o sábado deve ser observado. A tradição dos anciãos criou 39 proibições concernentes ao sábado. Por essa razão, o Senhor JESUS entrou diversas vezes em conflito com os escribas e fariseus. Uma delas aconteceu quando ele defende os seus discípulos por colherem espigas no sábado (Mt 12.1-5).
1 Naquele tempo, passou JESUS pelas searas, em um sábado; e os seus discípulos, tendo fome, começaram a colher espigas e a comer. 2 E os fariseus, vendo isso, disseram-lhe: Eis que os teus discípulos fazem o que não é lícito fazer num sábado. 3 Ele, porém, lhes disse: Não tendes lido o que fez Davi, quando teve fome, ele e os que com ele estavam? 4 Como entrou na Casa de DEUS e comeu os pães da proposição, que não lhe era lícito comer, nem aos que com ele estavam, mas só aos sacerdotes? (Mt 12.1-4).
A passagem paralela aparece em Marcos 2.23-26 e Lucas 6.1-4. Em todas elas, o Senhor JESUS mencionou um trecho do Antigo Testamento em que Davi comeu o pão da proposição na casa do sacerdote Abiatar, quando estava sob a perseguição de Saul (1 Sm 21.6). Assim, ele colocou a guarda do sábado na mesma categoria do preceito cerimonial. A lei proibia que estranhos comessem do pão sagrado da proposição, o qual era restrito aos sacerdotes (Êx 29.33; Lv 22.10). JESUS foi além e disse que os sacerdotes no templo podiam violar o sábado e ficar sem culpa (Mt 12.5). Um mandamento moral é obrigatório por sua própria natureza. Não existe concessão para preceitos morais; aqui, a vida está acima do sábado.
Em outra ocasião, o Senhor JESUS torna a considerar o sábado um preceito cerimonial com base na própria lei de Moisés. Ele nem precisou reivindicar a sua autoridade de Filho de DEUS e Messias, ao lembrar às autoridades religiosas que a circuncisão de uma criança pode ser feita num dia de sábado. A lei prescreve que o menino deve ser circuncidado no oitavo dia de seu nascimento (Lv 12.3). JESUS disse que a circuncisão pode ser feita mesmo quando o oitavo dia coincide com sábado (Jo 7.22, 23).
JESUS declarou: "O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem, por causa do sábado" (Mc 2.27). Muitos comparam essas palavras a uma frase do Talmude creditada ao rabi Simeon ben Menasya, cerca de 180 d.C.: "O sábado foi dado a vocês, não vocês entregues a ele". A interpretação judaica diz respeito à permissão da quebra do sábado em casos especiais, como a vida em perigo. Mas o que JESUS disse significa que os seres humanos não foram criados para observar o sábado, mas que o sábado foi criado para o benefício humano. Ele não disse que o sábado foi feito por causa dos judeus ou de Israel, mas por causa de todos os seres humanos. O sábado legal, do Decálogo, foi dado a Israel como sinal entre Javé e os israelitas (Êx 31.13, 17; Dt 5.15; Ez 20.12). Aqui, o Senhor JESUS se refere ao sábado institucional que DEUS estabeleceu para o bem-estar e gozo de todos os seres humanos, e isto está acima de observância meticulosa do sábado.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 69-71.
 
No período entre o Antigo e o Novo Testamento, ocorreu uma radicalização na celebração do sábado. Na época dos macabeus, muitos preferiam morrer a deixar de celebrar o sábado. Soldados recusavam-se a defender a si mesmos e ao próprio povo naquele dia (I Macabeus 2.32-38; II Macabeus 6.11). A tradição judaica posterior permitia que o dia deixasse de ser observado sob circunstâncias de vida ou morte. Perigos que ameaçassem à vida poderiam ser encarados de maneiras que violassem a manutenção da tradição sabática (Yoma 8.6). Mas nem todas as facções do judaísmo seguiram as diretrizes de liberalização. Materiais encontrados no Qumran mostram que os fazendeiros não podiam realizar no sábado atos que preservassem a vida de animais durante parturições complicadas. Se a mãe ou sua cria morresse, o acontecimento era considerado um ato de DEUS.
CHAMPLIN, Russell Norman, Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia. Vol. 6. Editora Hagnos. pag. 3.
 
No início do período do NT o verdadeiro significado do sábado havia sido obscurecido pelas numerosas restrições postas sobre sua observância. A observância do sábado se tomou basicamente extemo e formal. Os homens se tomaram mais preocupados com a observância meticulosa de um dia do que com as necessidades pungentes dos seres humanos. Era inevitável que JESUS entrasse em conflito com os líderes judeus por causa do sábado. Era costume de JESUS visitar a sinagoga aos sábados (Lc 4.16; cp. Mc 1.21; 3.1; Lc 13.10). Em seus ensinamentos ele confirmou a autoridade e validade da lei do AT (Mt 5.17-20;
15.1 -6; 19.16-19; 22.3 5-40; Lc 16.17). Sua ênfase, todavia, não era em uma observância extema da lei, antes num cumprimento espontâneo da vontade de DEUS que está por baixo da lei (Mt 5.21-48; 19.3-9). JESUS procurou esclarecer o verdadeiro sentido do sábado mostrando o propósito original da sua instituição: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 271.
 
2. JESUS É O SENHOR DO SÁBADO (MC 2.28).
A frase "Assim, o Filho do Homem até do sábado é senhor" (Mc 2.28) e as passagens paralelas (Mt 12.8; Lc 6.5) são disputadas pelos expositores do Novo Testamento. Há duas linhas principais de interpretação: a) a autoridade sobre o sábado foi conferida aos seres humanos, e b) trata-se do próprio Senhor JESUS. A primeira nos parece menos aceitável porque DEUS nunca delegou autoridade sem limites aos humanos e, também, porque a expressão grega ho huios tou anthrõpos, "o Filho do Homem", no singular, é título messiânico e não relativo a humanos. Está claro que JESUS se referia a si mesmo. Esta é a melhor interpretação. Ele revelou seu poder e sua autoridade sobre as enfermidades, sobre a natureza, sobre todos os poderes das trevas, sobre a morte e o inferno; assim, nada mais natural ser mesmo o Senhor do sábado. O sábado veio de Javé e somente ele tem autoridade sobre a instituição. Então, não há outro no universo investido de tamanha autoridade, senão o Filho de DEUS.
Mais uma vez, o Senhor JESUS CRISTO apresenta o profeta Oseias como autoridade para fundamentar seu ensino (Mt 12.7; Os 6,6). Ele acrescentou ainda que é "lícito fazer bem nos sábados" (Mt 12.12). Isso o próprio JESUS o fez (Mc 3.1-5; Lc 13.10- 13; 14.1-6; Jo 5.8-18; 9.6, 7, 16), e nós também devemos fazer o bem, não importa qual seja o dia da semana. Como o sábado do relato da criação, não é regra legal opressiva; é chamado de sábado institucional que se transferiu para o domingo por causa da ressurreição de JESUS, mas não como mandamento.
Assim, como nada há no Novo Testamento que indique a sua observância, isso por si só mostra que o quarto mandamento não é um preceito moral. Esta interpretação é corroborada pelo fato de nem JESUS nem os apóstolos ensinarem a guarda do sábado. O sábado não foi mencionado quando JESUS citou os mandamentos para o moço rico (Mt 19.17-19). Toda a lei se resume no amor a DEUS e ao próximo (Mt 7.12; 22.40; Mc 12.31; Rm 13.10).
O apóstolo Paulo omitiu o quarto mandamento (Rm 13.9). Ele considerava retrocesso espiritual guardar dias, meses e anos (G1 4.10, 11). Os primeiros cristãos eram judeus de origem e era natural para eles observar os serviços da sinagoga; ainda hoje, muitos judeus que são convertidos à fé cristã preferem não abrir mão de sua identidade judaica, principalmente aqueles que residem em Israel. É mais uma questão cultural. Paulo via o sábado e os preceitos dietéticos, o kashrut, como mera opção pessoal. E, mesmo não havendo prova de que o apóstolo distinguisse preceitos morais e cerimoniais, aqui ele coloca o sábado e o kashrut na mesma categoria (Rm 14.1-6). Segundo Paulo, o antigo concerto foi abolido (2 Co 3.7-14) , incluindo o sábado (Os 2.11). De fato, isso já era anunciado desde o Antigo Testamento (Jr 31.31-34).
Paulo disse que JESUS riscou na cruz "a cédula que era contra nós nas suas ordenanças" (Cl 2.14). O substantivo grego para "cédula" é cheirgraphon, um hapax legomenon, literalmente, "escrito à mão”. É um documento escrito à mão usado aqui metaforicamente. O termo aparece na literatura grega extrabíblica com vários significados: "lei mosaica, obrigação escrita, contrato (ROBINSON, 2012, p. 984); "registro de uma conta financeira, conta, registro de dívida" (LOUW & NIDA, 2013, pp. 352, 353). É um certificado de dívida, uma nota promissória. A ordenança, ou dogma, significa "decreto, ordenança, edito", um termo usado também em referencia à lei de Moisés (Ef 2.15). É esse o sentido aqui, pois JESUS disse que a lei nos acusa (Jo 5.45). O pensamento paulino revela o aspecto condenatório da lei mosaica (Dt 27.26; 1 Co 15.56; Gl 3.10) e também o padrão divino para a vida humana (Rm 7.13, 14).
A acusação da lei contra nós foi cancelada na cruz do Calvário, e aí o apóstolo inclui o sábado. O apóstolo emprega os dois termos "cédula" e "ordenança" metaforicamente para dizer que fomos perdoados e estamos livres de legalismo: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de CRISTO" (Cl 2.16, 17). Com exceção do sangue (At 15.20, 28), as restrições dietéticas de Levítico foram removidas, pois DEUS purificou os animais cerimonialmente imundos (At 10.12-15). Nenhum alimento é imundo por si mesmo (Rm 14.14, 20; 1 Tm 4.3, 4). O que contamina o ser humano é o que sai dele, não o que entra (Mt 15.11-20).
O sábado cerimonial é um termo para designar os festivais de Israel que englobam as festas anuais, mensais e semanais (1 Cr 23.31; 2 Cr 2.4; 8.13; 31.3; Ez 45.17). O sábado cerimonial já está incluído na expressão "dias de festa". Assim, a "lua nova", refere-se à festa mensal e a expressão "dos sábados" diz respeito aos sábados semanais. O novo concerto nos isenta de todas essas coisas. Paulo parece empregar uma linguagem platônica no tocante ao mundo real e ao mundo das ideias no v. 17. A sombra é temporária e identifica com imperfeição o objeto que a projetou, sendo portanto inferior a ele. O apóstolo afirma nesta metáfora que a lei é uma projeção, uma sombra da realidade, que é o corpo de CRISTO.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 71-74.
 
No início do período do NT o verdadeiro significado do sábado havia sido obscurecido pelas numerosas restrições postas sobre sua observância. A observância do sábado se tomou basicamente externo e formal. Os homens se tomaram mais preocupados com a observância meticulosa de um dia do que com as necessidades pungentes dos seres humanos. Era inevitável que JESUS entrasse em conflito com os líderes judeus por causa do sábado. Era costume de JESUS visitar a sinagoga aos sábados (Lc 4.16; cp. Mc 1.21; 3.1; Lc 13.10). Em seus ensinamentos ele confirmou a autoridade e validade da lei do AT (Mt 5.17-20; 15.1 -6; 19.16-19; 22.3 5-40; Lc 16.17). Sua ênfase, todavia, não era em uma observância externa da lei, antes num cumprimento espontâneo da vontade de DEUS que está por baixo da lei (Mt 5.21-48; 19.3-9). JESUS procurou esclarecer o verdadeiro sentido do sábado mostrando o propósito original da sua instituição: “O sábado foi estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado” (Mc 2.27).
Em seis ocasiões diferentes JESUS entrou em conflito com judeus por causa da discriminação deles do sábado. Ele defendeu seus discípulos por colherem espigas no sábado aludindo ao tempo quando Davi e seus homens comeram os pães da proposição (Mt 12.1-4; Mc 2.23-26; Lc 6.1-4). Ao fazer isto, JESUS colocou o mandamento do sábado na mesma categoria da lei cerimonial que proibia o comer deste pão sagrado por outros além dos sacerdotes, e ensinou que as necessidades humanas tinham precedência sobre os requerimentos legais do sábado. Ele também lembrou seus críticos de que os sacerdotes no Templo profanavam o sábado e eram inocentes (Mt 12.5). Ele, sem dúvida, se referiu à prática prescrita na lei sobre circuncidar no sábado, se isto for o oitavo dia após o nascimento (Lv 12.3; Jo 7.22,23). Conseqüentemente, a lei cerimonial que requer a circuncisão da criança oito dias após o nascimento assumiu precedência sobre a lei do sábado. Foi nesta mesma ocasião que JESUS disse que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2.27), indicando que ele considerava o sábado como uma providência para a necessidade e bem estar do homem, e não como um requerimento legal opressivo. Foi também nesta ocasião que JESUS afirmou seu senhorio sobre o sábado (Mt 12.8; Mc 2.28; Lc 6.5).
JESUS expressou ira para com aqueles judeus na sinagoga em Cafamaum que demonstraram mais interesse pela observância meticulosa do sábado do que pelo ser humano que era privado do uso de uma mão, e o curou diante de todos eles (Mc 3.1-5). Numa outra ocasião, quando o chefe da sinagoga ficou indignado porque JESUS curou uma mulher que tinha um espírito de enfermidade durante dezoito anos, ele defendeu sua ação apelando para a prática comum de soltar os animais domésticos a fim de os levar para beberem água no sábado (Lc 13.10-17). Novamente, quando JESUS, sob os olhares críticos dos fariseus, curou um homem hidrópico no sábado, ele se defendeu perguntando aos seus críticos se deixariam de resgatar um boi ou jumento que havia caído num poço naquele dia (14.1-6).
As outras duas ocasiões quando as ações de JESUS no sábado provocaram conflito com os líderes judeus são registradas em João. Uma foi a cura do homem impotente no tanque de Betesda (Jo 5.1-18); a outra foi a cura do homem que nasceu cego (9.1-41). Na primeira destas ocasiões JESUS defendeu seu direito de curar no sábado com base em que seu Pai não parava suas atividades beneficentes naquele dia (5.17) e na segunda ocasião ele condenou a cegueira espiritual dos fariseus (9.40,41).
Em todos estes exemplos JESUS mostrou que ele colocava a necessidade humana acima da simples observância externa do sábado. JESUS nunca fez ou disse qualquer coisa a fim de tirar do homem os privilégios proporcionados por um dia de descanso como este. Por outro lado, não se pode dizer que JESUS tinha a intenção de perpetrar o sábado hebraico ou estendeu sua aplicação a todos os homens. No que diz respeito ao registro dos evangelhos, ele nunca fez menção ao quarto mandamento. Ao enfatizar o princípio que está por traz da lei, o espírito e propósito da lei, ao invés dos seus regulamentos formais e externos, ele preparou o caminho para a abolição de todas as leis e ordenanças externas do AT.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 271-272.
 
Em seis ocasiões diferentes JESUS entrou em conflito com judeus por causa da discriminação deles do sábado. Ele defendeu seus discípulos por colherem espigas no sábado aludindo ao tempo quando Davi e seus homens comeram os pães da proposição (Mt 12.1-4; Mc 2.23-26; Lc 6.1-4). Ao fazer isto, JESUS colocou o mandamento do sábado na mesma categoria da lei cerimonial que proibia o comer deste pão sagrado por outros além dos sacerdotes, e ensinou que as necessidades humanas tinham precedência sobre os requerimentos legais do sábado. Ele também lembrou seus críticos de que os sacerdotes no Templo profanavam o sábado e eram inocentes (Mt 12.5). Ele, sem dúvida, se referiu à prática prescrita na lei sobre circuncidar no sábado, se isto for o oitavo dia após o nascimento (Lv 12.3; Jo 7.22,23). Conseqüentemente, a lei cerimonial que requer a circuncisão da criança oito dias após o nascimento assumiu precedência sobre a lei do sábado. Foi nesta mesma ocasião que JESUS disse que o sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2.27), indicando que ele considerava o sábado como uma providência para a necessidade e bem estar do homem, e não como um requerimento legal opressivo. Foi também nesta ocasião que JESUS afirmou seu senhorio sobre o sábado (Mt 12.8; Mc 2.28; Lc 6.5).
JESUS expressou ira para com aqueles judeus na sinagoga em Cafamaum que demonstraram mais interesse pela observância meticulosa do sábado do que pelo ser humano que era privado do uso de uma mão, e o curou diante de todos eles (Mc 3.1-5). Numa outra ocasião, quando o chefe da sinagoga ficou indignado porque JESUS curou uma mulher que tinha um espírito de enfermidade durante dezoito anos, ele defendeu sua ação apelando para a prática comum de soltar os animais domésticos a fim de os levar para beberem água no sábado (Lc 13.10-17). Novamente, quando JESUS, sob os olhares críticos dos fariseus, curou um homem hidrópico no sábado, ele se defendeu perguntando aos seus críticos se deixariam de resgatar um boi ou jumento que havia caído num poço naquele dia (14.1-6).
As outras duas ocasiões quando as ações de JESUS no sábado provocaram conflito com os líderes judeus são registradas em João. Uma foi a cura do homem impotente no tanque de Betesda (Jo 5.1-18); a outra foi a cura do homem que nasceu cego (9.1-41). Na primeira destas ocasiões JESUS defendeu seu direito de curar no sábado com base em que seu Pai não parava suas atividades beneficentes naquele dia (5.17) e na segunda ocasião ele condenou a cegueira espiritual dos fariseus (9.40,41).
Em todos estes exemplos JESUS mostrou que ele colocava a necessidade humana acima da simples observância externa do sábado. JESUS nunca fez ou disse qualquer coisa a fim de tirar do homem os privilégios proporcionados por um dia de descanso como este. Por outro lado, não se pode dizer que JESUS tinha a intenção de perpetrar o sábado hebraico ou estendeu sua aplicação a todos os homens. No que diz respeito ao registro dos evangelhos, ele nunca fez menção ao quarto mandamento. Ao enfatizar o princípio que está por traz da lei, o espírito e propósito da lei, ao invés dos seus regulamentos formais e externos, ele preparou o caminho para a abolição de todas as leis e ordenanças externas do AT.
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 6. pag. 271-272.
 
3. DIA DO CULTO CRISTÃO.
O SÁBADO CRISTÃO
O sábado legal do Decálogo foi estabelecido para Israel se lembrar da escravidão no Egito (Dt 5.15). Há certa analogia com o sábado cristão, o domingo, que, sem precisar de imposição legal, passou a ser o dia de adoração cristã coletiva em memória à ressurreição de CRISTO que ocorreu num domingo (Mc 16.1-6; Lc24.1-6). Éosábado institucional. Isso está claro em três passagens do Novo Testamento: "No primeiro dia da semana, ajuntando os discípulos para o partir do pão" (At 20.7). Era um domingo, "talvez 24 de abril de 57 d.C.", segundo F. F. Bruce (apud STOTT, 1994, p. 360). O "partir do pão" é um termo usado para a Ceia do Senhor (At 2.42; 1 Co 10.16; 11.20-26). Segundo o autor citado, essa passagem "é a evidência inequívoca mais primitiva que temos da prática cristã de reunir-se para a adoração nesse dia". Isso se confirma mais adiante no Novo Testamento: "No primeiro dia da semana, cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade, para que se não façam as coletas quando eu chegar" (1 Co 16.2). Temos aqui outra prova de que o primeiro dia da semana era o dia de culto regular. O apóstolo recomendou que nessas reuniões se levantasse uma coleta para socorrer os irmãos pobres de Jerusalém.
O apóstolo João foi arrebatado no dia do Senhor: Eu fui arrebatado em espírito, no dia do Senhor, e ouvi detrás de mim uma grande voz, como de trombeta" (Ap 1.10). A expressão dia do Senhor" não é escatológica, pois a construção grega aqui, en tê kyriakê hêmera, se refere ao domingo. Versões católicas como Figueiredo, Matos Soares e a Bíblia do Peregrino empregam "num dia de domingo" para traduzir a referida frase. Esta tradução é aceitável porque está de acordo com o contexto bíblico e histórico.
A palavra kyriakê significa "domingo" ainda hoje na Grécia. O termo "domingo", literalmente quer dizer, "dia do senhor , do latim, dominus, "senhor", e dies, "dia". Inácio de Antioquia usa a mesma frase grega do apóstolo João em Apocalipse, para indicar o primeiro dia da semana: "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senho em que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte" (Magnésios 9-1, Coleção Patrística 1, Padres Apostólicos). Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia e conheceu os apóstolos Paulo e João. Preso em 110 no reinado de Trajano, foi levado a Roma e atirado às feras. Trata-se de alguém da segunda geração dos apóstolos.
Outra razão que confirma essa interpretação é o fato de a Septuaginta usar uma forma diferente para o "dia do Senhor escatológico, hêmera tou kyriou ou hêmera kyriou. E o mesmo acontece nas cinco vezes que a frase aparece no Novo Testamento grego (At 2.20; 1 Co 5.5; 2 Co 1.14; 1 Ts 5.2; 2 Pe 3.10).
Os primeiros pais da Igreja mostram que nos três primeiros séculos da história da Igreja o domingo continuava sendo o dia de reunião dos cristãos. Além de Inácio de Antioquia, isso pode ser ainda visto na Epístola de Barnabé (que não era o Barnabé citado do Novo Testamento). Trata-se de um documento da primeira metade do século 2, que declara: "Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual JESUS ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus" (Epístola de Barnabé, 15.9).
Herdamos dos dias apostólicos essa prática que foi perpetuada pelo tempo. Os preceitos cerimoniais não desobrigam os seres humanos de cultuarem a DEUS, mas estes não precisam de rituais e nem lhes é exigido irem a Jerusalém. Da mesma forma, o sábado não precisa ser o sétimo dia da semana. Os adventistas do sétimo estão equivocados quando afirmam que o imperador Constantino substituiu o sábado pelo domingo, e sua doutrina não tem sustentação bíblica. É um erro teológico e histórico.
Esequias Soares. Os Dez Mandamentos. Valores Divinos para uma Sociedade em Constante Mudança. Editora CPAD. pag. 74-76.
 
O Dia do Senhor. Para os cristãos, o domingo é o dia do Senhor, e não o sábado. Historicamente, os intérpretes têm dito que o domingo é o “descanso”, chamando-o de sábado cristão. Mas apesar de ser verdade que nossos cultos religiosos ocorram no primeiro dia da semana, o que retém um certo elemento próprio do dia de sábado, isso não faz o Dia do Senhor tornar-se um sábado cristão. Que DEUS nos salve do legalismo! Isso não significa que o crente deveria ignorar as implicações de quão próprio é que um dos dias da semana seja especi- almente consagrado a exercícios espirituais. Paulo, todavia, deixou claro que, para o crente, todos os dias são iguais (Rom. 14.5 ss.). No mesmo contexto, porém, ele também deixou claro que o crente pode estabelecer uma distinção, se tal distinção puder fomentar a sua piedade e a eficácia de sua adoração. Historicamente, a Igreja tem estabelecido essa distinção. O domingo deveria ser um dia isento de todo legalismo, tão-somente retendo um devido espírito de adoração. Não deveria ser profanado. A Igreja assim tem observado, para bem do homem. A Escola Dominical é uma grande instituição, embora não faça parte dos ensinos do Novo Testamento. O domingo tem-se tornado um dia dedicado à adoração, ao estudo da Bíblia e à evangelização de uma Igreja reunida com esses propósitos. É no domingo que a Igreja comemora a ressurreição de JESUS. Ele saiu do túmulo revestido de uma vida nova, O domingo, pois, é uma oportunidade para participar-mos dessa vida nova e a expressarmos. O domingo não é imposto, conforme o sábado era imposto. Contudo, é benéfico, e exige nosso respeito. A liberdade, se for abusada, será sempre tão ruim e errada quanto uma obrigação imposta.
A Natureza Monótona e Destrutiva de um Labor Contínuo. DEUS pode conferirmos a graça e talvez até permitir e encorajar que labutemos todos os dias, se tal trabalho for benéfico para nós mesmos e para o próximo. Todavia, descansar um dia por semana é uma boa medida de saúde. Talvez se assim fizermos, poderemos realizar em seis dias o que realizamos em sete. A saúde inclui o ritmo intercalado de trabalho e descanso. Não nos deveríamos preocupar se, em dia de domingo, estivermos fazendo aquilo que os antigos sabatistas proibiam para o sábado. Se tivermos tal preocupação, estaremos mostrando nossa insensatez. Não obstante, estaremos pecando se nos esquecermos do espírito do sábado, que nos convida a estacar, descansar, adorar e servir.
O Mandamento contra o Ócio. Foi ordenado ao homem que trabalhasse por seis dias, e não apenas que descansasse no sétimo. “Aquele que se mostra ocioso por seis dias é igualmente culpado, aos olhos de DEUS, do que se vier a trabalhar no sétimo dia” (Adam Clark, in loc.)
CHAMPLIN, Russell Norman, Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Hagnos. pag. 21-22.
 

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